O financiamento da transição energética mundial exigirá mais inovação, tanto tecnológica quanto financeira, afirmaram alguns dos mais de 30 ministros de Energia ou de Clima que se reuniram em Paris nesta terça-feira (13) para debater como enfrentar essa missão.

Para lidar com o aquecimento global que "está ocorrendo" neste momento, o mundo da energia deve evoluir para uma maior "inovação", instou o emissário dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry.

Na reunião, realizada até quarta-feira por ocasião do 50º aniversário da Agência Internacional de Energia (AIE), sediada em Paris, também compareceram os ministros da Colômbia, Costa Rica, Egito, Singapura e Ucrânia, entre outros.

"É hora de que os diplomatas e os ministros do Meio Ambiente deixem lugar para os ministros da Energia, da indústria e dos pesquisadores" para avançar na luta contra o aquecimento global, declarou o ministro irlandês Eamon Ryan, que co-preside o encontro.

Esta é a primeira reunião internacional de alto nível desde a COP28 realizada em dezembro em Dubai, onde a comunidade internacional concordou com uma "transição" energética que permita abandonar progressivamente os combustíveis fósseis, que emitem gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento do planeta.

Eamon Ryan destacou antes da reunião o "papel importante" do Brasil, que assumirá a presidência do G20 em 2024 e sediará a COP30 em 2025, após a edição prevista para o final deste ano no Azerbaijão.

- 'Nenhuma usina de carvão' -

"Devemos implantar o mais rápido possível tecnologias existentes e rentáveis", especialmente no campo das energias renováveis, e "devemos introduzir no mercado novas tecnologias mais rapidamente", afirmou Kerry.

O americano referia-se a tecnologias, nem todas comprovadas, para economizar ou usar energia com maior eficiência, capturar CO2, armazenar eletricidade ou produzir hidrogênio.

"Por quê? Porque este ano está mais quente do que o anterior. E no próximo ano estará mais quente do que este. [...] Está garantido" cientificamente, acrescentou.

O diretor da AIE, Fatih Birol, destacou que "apesar do enorme aumento das energias limpas, como eólica e solar, não é suficiente para alcançar os objetivos estabelecidos para 2050".

Segundo a AIE, o mercado de "energias limpas" representará um trilhão de dólares em dez anos.

"Sabendo o que sabemos e dada a realidade da mudança climática, não deveria haver nem uma única usina elétrica a carvão em funcionamento em qualquer lugar do mundo", declarou John Kerry.

Segundo a AIE, o mundo precisa investir US$ 4,5 trilhões (R$ 22,37 trilhões) por ano até 2030, se quiser desenvolver energias alternativas aos combustíveis fósseis, que deixem de emitir CO2 que aquece a atmosfera.

"Os países emergentes e em desenvolvimento devem investir pelo menos US$ 2,2 trilhões [R$ 11 trilhões] a cada ano", estima a agência.

Além das energias renováveis, as "redes de interconexão", as "empresas de tecnologias limpas" e as "cadeias de suprimentos" também precisam de investimentos massivos, considerou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O ministro francês da Economia, Indústria e Energia, Bruno Le Maire, que co-preside a reunião, pediu mais criatividade em matéria de finanças e afirmou que "já não é possível apoiar-se na dívida pública na Europa".

"Precisamos confiar no financiamento privado", acrescentou.

A reunião concluirá na quarta-feira com um comunicado que fixará o mandato "para os próximos dois anos" desta organização intergovernamental.

A AIE, vinculada à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é composta por muitos países importadores de petróleo e foi criada em plena crise do petróleo na década de 1970.

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