O Uruguai anunciou, nesta quarta-feira (31), que recebeu o sinal verde da Argentina para ampliar a dragagem do porto de Montevidéu, situado no Rio da Prata, que ambos os países compartilham, uma aspiração do Estado uruguaio há mais de uma década.

O presidente Luis Lacalle Pou, que busca concretizar este objetivo desde que chegou ao poder em 2020, comemorou a notícia, após tropeços na proposta inicial da delegação uruguaia perante a comissão binacional que regula o rio, em novembro de 2013.

"Hoje, finalmente podemos avançar", escreveu Lacalle Pou na rede social X (antigo Twitter), destacando a "boa vontade" de seu par argentino, Javier Milei, um ultraliberal que sucedeu ao político de centro-esquerda Alberto Fernández em dezembro.

Em entrevista coletiva, o chanceler uruguaio, Omar Paganini, informou que a delegação argentina aprovou hoje, ante a Comissão Administradora do Rio da Prata (CARP), a documentação apresentada pelo Uruguai para aprofundar e ampliar para 14 metros o canal de acesso ao porto de Montevidéu.

A parte argentina "anunciou que a informação [...] está completa e suficiente e que não tem objeções para o avanço desse projeto", assinalou o ministro.

A obra aprovada, que segundo Paganini será executada "em breve", após um processo licitatório, permitirá a chegada de navios de maior capacidade de carga a Montevidéu, o principal porto natural do Rio da Prata.

Em uma nota emitida pela Chancelaria argentina, o governo Milei disse que "faz votos para que, no futuro, os projetos apresentados em águas de uso comum [...] recebam uma avaliação ágil e rápida", e disse que prevê apresentar ao Uruguai um protocolo nesse sentido.

A histórica rivalidade entre Buenos Aires e Montevidéu pelo predomínio comercial no Rio da Prata, originada em tempos coloniais, ressurgiu durante o kirchnerismo que dominou a política argentina nas últimas duas décadas, salvo no intervalo em que o país foi governado pelo liberal Mauricio Macri (2015-2019).

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