O jovem Rashed Al Haddad, encarando a câmera com um olhar sombrio e com um barco capturado pelos rebeldes huthis iemenitas ao fundo, viralizou por sua defesa da causa palestina... e por sua leve semelhança com o famoso ator Timothée Chalamet.

Aos 19 anos, tornou-se uma celebridade local graças a suas publicações nas redes sociais, geralmente acompanhadas por uma música triunfal, nas quais aparece erguendo a bandeira do Iêmen e com uma adaga tradicional no cinto.

O "tiktoker" de Sanaa, a capital iemenita controlada pelos rebeldes desde 2014, foi inclusive apelidado de "Tim-huthi Chalamet" por alguns internautas que afirmam que ele tem alguma semelhança com o protagonista do filme "Wonka", Timothée Chalamet.

A popularidade do jovem disparou desde que o Iêmen, país arrasado por uma guerra civil há quase 10 anos, voltou às manchetes por conta dos ataques dos huthis.

Desde novembro, os rebeldes apoiados pelo Irã atacam, no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, os barcos que consideram vinculados a Israel, como demonstração de "solidariedade" aos palestinos na Faixa de Gaza, onde o Exército israelense e o movimento islamista Hamas travam uma guerra.

Muitas transportadoras viram-se obrigadas a suspender a navegação por esta rota-chave do comércio mundial, o que levou as forças armadas americanas e britânicas a realizarem ataques contra posições dos rebeldes no Iêmen.

"No início, fazia vídeos divertidos, coisas leves. Mas quando vi o que estava acontecendo com as crianças em Gaza, quando vi seu sofrimento, decidi estar do lado de Ansarallah", outro nome dado aos huthis, explica Rashed Al Haddad à AFP.

"Recebi várias ofertas para participar de desfiles de moda e anúncios [por sua semelhança com Chalamet], mas decidi aproveitar esta notoriedade para defender a causa palestina", afirma.

- 'Milhões de visualizações' -

Rashed Al Haddad ganhou fama na internet graças aos vídeos de sua visita a bordo do "Galaxy Leader", um cargueiro pertencente a um empresário israelense, capturado pelos rebeldes em novembro e exibido desde então como troféu de guerra em frente a Hodeida, no oeste do país.

"Quando comecei no TikTok, publiquei vídeos do navio, que alcançaram milhões de visualizações em quatro dias", conta o jovem iemenita, vestido com roupa militar e um fuzil no colo.

Sua conta no Instagram, que tinha então uns 70.000 seguidores, segundo ele, foi excluída pela rede social, assim como seu perfil no Facebook, pois ambas as plataformas da Meta proíbem o discurso de ódio em geral.

"Também proibiram três de minhas contas no TikTok, mas criei novas e, felizmente, o número de seguidores está aumentando", explica.

Contudo, a jovem sensação garante que não busca ser famoso. "O mais importante é nossa causa fundamental, a Palestina", insiste.

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