Donald Trump derrotou Nikki Haley na terça-feira (23) nas primárias republicanas em New Hampshire, o que abre seu caminho em busca de um segundo mandato nas eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos contra o democrata Joe Biden. 

Com quase 90% dos votos contados, a margem de vitória de Trump foi de cerca de 11 pontos percentuais, mas sua única rival, Nikki Haley, prometeu seguir lutando.

Haley, de 52 anos, parabenizou-o pela vitória neste pequeno estado do nordeste, mas disse que "a corrida está longe de terminar". E alertou os republicanos que tornar Trump o candidato do partido é uma "vitória para Biden" em 5 de novembro. 

Em um discurso, o magnata imobiliário de 77 anos mais uma vez zombou da sua rival, instando-a a se aposentar. "Vamos vencer facilmente", disse ele sobre quando a disputa das primárias chegar ao estado natal de Haley, a Carolina do Sul.

Também atacou seu possível adversário em novembro, dizendo que é o "pior presidente da história" dos Estados Unidos, "um país em declínio". 

Trump quer se vingar de Biden desde sua derrota eleitoral em novembro de 2020, a qual nunca reconheceu. Sua determinação é tanta que os quatro julgamentos criminais e vários processos civis contra ele não são empecilhos.

O ex-presidente republicano tem uma base leal de apoiadores e venceu as primárias de Iowa em 15 de janeiro com uma grande vantagem sobre Ron DeSantis, que acabou jogando a toalha, apesar de ter ficado em segundo lugar, e Haley, em terceiro. 

"Ele é um capitalista, e este é um país capitalista. É disso que precisamos aqui: não de um político governando um país capitalista, mas de um capitalista governando um país capitalista", afirmou Luis Ferre, de 72 anos, um defensor de Trump, convencido de que os dias de Biden no poder estão contados.

- "Tomada de controle" -

Em um comunicado, Biden alertou que a democracia e as liberdades individuais estão "em jogo" e assumiu que Trump "será o candidato republicano". 

Sua equipe de campanha também considera um novo duelo entre Trump e Biden. 

Os resultados confirmam que seu movimento MAGA "concluiu sua tomada de controle" do Partido Republicano, afirma em um comunicado, usando a sigla do slogan trumpista "Make America Great Again" ("Torne os Estados Unidos Grandes de Novo", em tradução livre). 

Na prática, não existem diferenças transcendentais entre Trump e Haley, mas há nuances. Sobre a imigração, por exemplo, ambos são a favor do fechamento da fronteira com o México, mas Trump vai além ao acusar os migrantes de "envenenar o sangue" do país. 

New Hampshire representa apenas 22 delegados de um total de 1.215 que nomearão oficialmente o candidato republicano em julho, em Milwaukee.

Porém, em comparação com estados mais conservadores, é revelador para medir o pulso nacional e das próximas primárias, já que os eleitores não afiliados podem votar nas primárias tanto do partido Republicano quanto do Democrata. 

"Os números não parecem muito bons para Haley no mês que vem", disse à AFP Aron Solomon, analista político da agência de marketing jurídico Amplify, prevendo "uma derrota quase certa em casa para a ex-governadora da Carolina do Sul", onde as primárias acontecerão em fevereiro. 

Os democratas também realizaram primárias na terça-feira em New Hampshire. Biden, de 81 anos, venceu, apesar de seu nome não aparecer nas cédulas, devido a desentendimentos com o diretório local do partido. 

Como consequência, não terá delegados neste estado, o que o torna meramente simbólico no processo geral de nomeação, que terminará em agosto.

Biden viajou para a Virgínia (leste) com sua vice-presidente, Kamala Harris, para defender em um comício o direito ao aborto, ameaçado ou já amplamente proibido em alguns estados governados por republicanos. 

"Donald Trump é o principal responsável por tirar esta liberdade nos Estados Unidos", disse em um discurso, interrompido várias vezes por manifestantes pró-palestinos que protestavam contra a ofensiva israelense em Gaza. 

O direito ao aborto, a imigração e a inflação surgem como os principais temas destas eleições, em um país ainda muito polarizado.

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