Os deputados russos aprovaram, nesta quarta-feira (24), uma resolução denunciando a suposta presença de "mercenários" franceses que lutam junto às tropas de Kiev na Ucrânia, acusação refutada por Paris, que denuncia uma nova campanha de desinformação do Kremlin. 

Essas acusações russas surgem algumas semanas depois de a França ter aumentado os seus compromissos armamentísticos com a Ucrânia e quando o governo de Paris se prepara para concluir um acordo de segurança com o de Kiev. 

A França não nega a presença de franceses nas fileiras do Exército ucraniano, mas rejeita a sugestão russa de que esteja envolvida no seu recrutamento.

"É lamentável que as autoridades francesas, que no passado foram, juntamente com o nosso país, um dos iniciadores da distensão política e militar na Europa, prolonguem com as suas ações a agonia do regime nazista em Kiev", afirma a resolução dos deputados russos. 

O texto, que retoma a versão do Kremlin segundo a qual o conflito na Ucrânia é uma extensão da guerra contra Hitler, foi publicado no site da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo. 

Em 17 de janeiro, o Exército russo alegou ter destruído um edifício na cidade de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, onde havia "mercenários, a maioria cidadãos franceses". Sessenta combatentes foram "eliminados" e 20 ficaram feridos, declarou Moscou.

Uma associação francesa pró-Rússia, SOS Donbass, divulgou então uma lista com os nomes de 13 "mercenários franceses" presentes em Kharkiv no momento do ataque. 

Outra lista com 30 nomes também circula no Telegram. 

"Insistimos que temos informações confiáveis que indicam que (...) há mercenários franceses na Ucrânia", declarou nesta quarta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, apelando às autoridades francesas para "cuidarem" dos seus cidadãos. 

O Ministério das Relações Exteriores francês negou essa acusação e denunciou "outra manipulação russa grosseira", e destacou que a França não tem "mercenários na Ucrânia ou em qualquer outro lugar". 

Algumas das identidades nestas listas são falsas, segundo uma fonte diplomática francesa. E ainda há dúvidas sobre se havia franceses mortos no ataque a Kharkiv.

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