Nikki Haley, a única mulher da direita que aspira à Casa Branca, concentra seus esforços nas primárias de New Hampshire na esperança de vencer ou, pelo menos, diminuir a vantagem de Donald Trump, o grande favorito dos republicanos para as eleições presidenciais.

A ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU e ex-governadora da Carolina do Sul fará um comício nesta quarta-feira (17) na pequena cidade de Rochester. Donald Trump fará o seu em Portsmouth, uma vila de pescadores.

Nikki Haley, de 51 anos, começou a corrida com poucas chances, mas aos poucos conquistou a simpatia de parte dos republicanos, o que lhe permitiu subir nas pesquisas e arrecadar fundos.

O problema é que na segunda-feira ficou em terceiro lugar nas primeiras primárias republicanas realizadas em Iowa, atrás de um triunfante Donald Trump e de Ron DeSantis, que a superou por dois pontos percentuais.

Por isso, na próxima terça-feira, em New Hampshire, ela precisa de uma vitória ou de um resultado melhor que DeSantis, governador da Flórida, para se apresentar como a principal candidata a enfrentar Trump.

O ex-presidente é alvo de vários processos criminais e civis, algo que não parece abalar seus apoiadores. Por enquanto, ele alterna comícios com comparecimentos nos tribunais, como nesta quarta-feira em um julgamento civil em Nova York.

- 'Verdadeira batalha' -

As primárias de New Hampshire estão abertas a eleitores sem filiação a nenhum dos partidos, o que pode beneficiar candidatos considerados menos radicais, como é o caso de Nikki Haley.

Na terça-feira, neste estado do nordeste do país, ela repetiu que estava "muito perto de Donald Trump" nas pesquisas. Uma recente pesquisa da CNN a coloca a alguns pontos dele.

Em Iowa, "terminamos com um bom resultado. Era isso que queríamos", disse, referindo-se aos 19% que conquistou neste estado do centro-oeste, onde Trump foi o vencedor com impressionantes 51%.

O governador republicano de Maryland, Larry Hogan, um de seus apoiadores, prevê uma "verdadeira batalha" em New Hampshire para evitar uma vitória de Trump.

"Se ela tiver um bom resultado, se ficar em primeiro ou segundo lugar por pouco em New Hampshire, isso lhe dará o impulso, o entusiasmo e a atenção que a levarão às primárias em seu estado natal da Carolina do Sul, onde talvez possa mudar a dinâmica", declarou Hogan à CNN.

Nos próximos dias, o desafio de Nikki Haley será convencer os eleitores moderados ou indecisos, como Alen Hancock, um septuagenário que diz estar "interessado nos três republicanos que saíram vitoriosos" e planeja enfrentar o frio para ouvir a candidata em Rochester.

Este consultor em gestão financeira quer tirar Joe Biden do poder, a quem chama de "idiota", mas tem dúvidas sobre Donald Trump, a quem considera "rude" embora "acredite muito no que faz".

"Eu gostaria que tivéssemos alguém sólido e mais jovem, que realmente se preocupasse com o país", acrescenta.

- 'Uma montanha' a escalar -

Nikki Haley também precisa tranquilizar seus doadores. Segundo a imprensa dos Estados Unidos, se não vencer em New Hampshire ou pelo menos se posicionar bem, eles vão virar as costas para ela.

"A montanha que ela tem que escalar é enorme", declarou à CNBC o empresário Andy Sabin, que arrecada dinheiro para a pré-candidata.

Haley se tornou o alvo preferido de Trump, como mostram suas últimas postagens na sua rede Truth Social.

Em uma montagem fotográfica, ela aparece vestida como Hillary Clinton, a democrata que Trump derrotou em 2016 e despreza.

Ele também destaca a origem estrangeira desta filha de migrantes indianos chamando-a pelo seu nome de nascença, "Nimrada". E escreve errado porque na verdade ela se chamava Nimarata Nikki Randhawa antes de adotar o sobrenome do marido.

Na terça-feira à noite, ele a atacou novamente.

"Nikki Haley conta especialmente com democratas e liberais para se infiltrar em suas primárias republicanas", disse Trump para uma multidão em New Hampshire. "Se ela vencer, Biden vence", afirmou.

A corrida  pela indicação republicana será formalmente encerrada em julho, durante a convenção do partido conservador.

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