Jornalistas italianos boicotaram, nesta quinta-feira (4), uma coletiva de imprensa da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, em Roma, para denunciar uma proposta de lei que poderia dificultar o trabalho da imprensa para noticiar prisões de políticos ou outras personalidades.

Esta proposta de "lei da mordaça" já tinha sido aprovada em dezembro no Parlamento italiano e em breve será debatida no Senado.

Os integrantes da Federação Nacional da Imprensa Italiana (FNSI) decidiram não comparecer à coletiva de imprensa de fim de ano da  ultradireitista Meloni, celebrada nesta quinta-feira, após ter sido adiada na semana passada devido a problemas de saúde da primeira-ministra.

"Estamos preocupados com a adoção de uma emenda que corre o risco de pôr em perigo as informações no âmbito judicial", assegurou Carlo Bartoli, presidente da Ordem Nacional de Jornalistas, que organizou esta coletiva de imprensa tradicional e mostrou as cadeiras deixadas vazias por seus colegas de profissão.

O partido de centro Azione (Ação) impulsionou o polêmico texto que proíbe aos jornalistas reportarem a prisão de personalidades públicas antes de terminada a investigação preliminar.

Meloni, do partido Irmãos da Itália (extrema direita), defendeu esta medida. "Não vejo que seja uma mordaça", afirmou durante a coletiva.

"Vejo na realidade uma medida equilibrada entre o direito de informar e o direito de um cidadão" a ser protegido "antes de uma condenação e antes de que possa exercer seu direito à defesa" e, assim, evitar "aparecer na imprensa (...), pondo em risco sua honra", acrescentou a chefe de governo.

O partido de oposição Movimento 5 Estrelas denunciou que o projeto de lei pretende "dissimular ou deixar impunes as ações" de pessoas corrompidas.

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