Nas últimas semanas a Venezuela aumentou o tom com a Guiana em sua reivindicação sobre a região do Essequibo, levando a disputa para o centro dos holofotes mundiais. Apesar de ainda não haver indícios de uma invasão iminente, o governo guianês vem se movimentando para proteger seu território.

No dia 3 de dezembro o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, realizou um plebiscito no qual foi votada a anexação do Essequibo, região atualmente controlada pela Guiana. Com o resultado favorável, ele instou a empresa estatal de petróleo PDVSA a "criar a divisão PDVSA-Essequibo" e conceder "imediatamente" licenças operacionais para a exploração de petróleo, gás e minerais no Essequibo.

Logo após a divulgação do resultado do plebiscito e do posicionamento de Maduro, o governo da Guiana buscou apoio nos Estados Unidos, na França e no Reino Unido, assim como afirmou que continuará com os esforços diplomáticos para persuadir a Venezuela a permitir que a CIJ (Corte Internacional de Justiça) tome a decisão final.

“Temos uma longa colaboração com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos e temos muitos programas de treinamento e exercícios conjuntos que estão sendo realizados e que vão continuar. Vamos acionar e trabalhar de forma constante com a comunidade internacional para garantir que a Venezuela não aja de uma forma que afete a nossa integridade territorial e a nossa soberania”, declarou o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, em entrevista à BBC.

Na semana passada, o governo de Joe Biden comunicou a realização de exercícios militares em parceria com a Guiana no espaço aéreo guienês e anunciou suporte "inabalável" à soberania do país. Até o momento, o posicionamento dos Estados Unidos é para que tanto Venezuela quanto Guiana devem respeitar as fronteiras até que um novo acordo seja firmado ou que um "órgão legal competente" intervenha.



Ao ser questionado, Ali não descartou a possibilidade de instalação de uma base militar americana em seu território. “Faremos tudo o que for necessário para garantir a soberania e a integridade territorial da Guiana. Estamos monitorando todas as ações da Venezuela. [...] Custe o que custar, com os nossos parceiros bilaterais, com os nossos parceiros internacionais para proteger a segurança, a integridade territorial e a soberania da Guiana, nós o faremos”, declarou o presidente da Guiana.

Para o Brasil, o apoio militar americano à Venezuela gera desconforto. Apesar de não ser novidade a realização de exercícios militares envolvendo norte-americanos na Amazônia , a atuação de militares estrangeiros na região pode abrir precedente para que se estabeleçam na região amazônica. Além disso, conflitos armados sempre representam riscos, em especial para uma área tão próxima ao território brasileiro.

"O que eu temo mais, pra falar a verdade, é que você crie precedentes até para ter bases e tropas estrangeiras na região. Não estamos falando de uma região qualquer. Estamos falando da Amazônia, que é sempre objeto de muita preocupação de nossa parte. Essa é a nossa preocupação maior", disse o embaixador Celso Amorim, principal assessor do presidente Lula (PT) para assuntos internacionais, em entrevista ao Canal Meio.

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