Uma carreata pacífica de centenas de veículos percorreu nesta quinta-feira (29) a cidade boliviana de Santa Cruz para reivindicar a liberdade de seu governador e líder da oposição, Luis Fernando Camacho, acusado de promover um "golpe de Estado" contra o então presidente Evo Morales em 2019.

Carros, caminhões e motocicletas formaram uma coluna que percorreu vários quarteirões de Santa Cruz (leste), a locomotiva econômica do país, um ano após a prisão de Camacho. Várias ruas e avenidas também foram interceptadas com cordas e bandeiras bolivianas vermelhas, amarelas e verdes. 

A manifestação, que durou várias horas, terminou na avenida, onde o governador foi detido pela polícia. Na sequência, o político foi imediatamente transferido para a prisão de segurança máxima de Chonchocoro, nos Andes bolivianos. 

Um funcionário do governo leu uma carta enviada pelo próprio Camacho, por meio de sua mulher, Fátima Jordán. 

"Esta luta que iniciamos em 2019 estará incompleta, se não recuperarmos a democracia para o nosso país", afirmou o opositor. 

Enquanto isso, centenas de seus apoiadores gritavam "Libertem Camacho, libertem Camacho!".

"Hoje, voltamos às ruas para exigir que este governo tirânico e abusivo liberte o governador de Santa Cruz", declarou Christian Eguez, membro do Creemos, partido de Camacho.

O vice-ministro de Coordenação do Governo, Gustavo Camacho, criticou a manifestação e chamou-a de "uma marcha da impunidade". 

Camacho sofreu um revés jurídico esta semana, depois que o Ministério Público finalmente acusou-o de ser o principal autor do "golpe de Estado" contra Morales em 2019, após 14 anos no poder. 

O Ministério Público pediu 20 anos de prisão por diversos crimes, principalmente terrorismo, e remeteu o caso à Justiça comum para abertura de processo, ainda sem data. 

O opositor sempre argumentou que foi uma revolta popular nas ruas que obrigou Morales a renunciar, após acusá-lo de ter cometido fraude eleitoral naquele ano para manter o poder até 2025.

 

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