Passando por estradas estaduais e rodovias sob gestão do governo de Minas, rotas com destino a balneários como o Lago de Furnas, no Sudoeste do Estado, a cachoeiras pelo Norte de Minas e às cidades históricas de Ouro Preto e Mariana, na Região Central, oferecem atrativos naturais, culturais e históricos, mas também escondem riscos que exigem atenção do viajante. Esses desafios são detalhados na última edição do guia de segurança para viagens de fim e início de ano, que a equipe de reportagem do Estado de Minas produz a partir do histórico de ocorrências registradas pelas polícias rodoviárias entre o fim e o início de ano.


Nesta edição, o mapeamento de pontos e situações de risco foi elaborado com base nos sinistros registrados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) nas rodovias sob gestão estadual, interligando Minas Gerais e alguns de seus municípios nos meses de férias, considerado o período de 15 dezembro a 31 janeiro, de 2022 a 2024, incluindo o primeiro mês deste ano.

Por esses caminhos, pistas simples sem acostamento, serras sinuosas e travessias urbanas complexas compõem o cenário de risco em rodovias estaduais, as MGs, e as BRs concedidas em Minas Gerais. No período pesquisado, foram registrados nessas estradas 11.326 sinistros, nos quais 552 pessoas morreram e 3.451 ficaram feridas.


Diferentemente das estradas federais com histórico de aumento de óbitos no período, considerando anos completos, as rodovias locais e delegadas tiveram aumento de ocorrências, mas estabilidade no que diz respeito aos casos fatais, que passaram de 162 em 2023 para 161 em 2024.

Entre os trechos analisados, a rota para o Norte de Minas se destacou pela alta letalidade, enquanto o caminho para o Centro-Oeste e Sul mineiros liderou em volume de ocorrências.

Pedágio e riscos a caminho de Furnas


Principal ligação para a região de Escarpas do Lago, na represa de Furnas, a MG-050, entre Juatuba e São Sebastião do Paraíso, registrou o maior volume de ocorrências no período: foram 881 sinistros, com 38 mortos e 381 feridos, atravessando 23 municípios. Uma rodovia com cobrança de pedágio (R$ 8,80 para carros e R$ 4,40 para motos), mas que exige perícia, pois tem vastos trechos estreitos em pista única.

Itaúna concentra grandes riscos, especialmente após o distrito de Azurita. Do Km 75 ao Km 84, a variação entre pistas duplas e simples confunde motoristas, resultando em ultrapassagens indevidas, muitas vezes feitas em alta velocidade.

Entre o Km 90 e o Km 98, a pista simples na saída do perímetro urbano atravessa uma área rural com acessos a bairros e comunidades, onde pontos de ônibus e outros recuos de pista servem de retornos precários. A estrada tem muitas curvas e tráfego pesado de carretas, agravado por poucos pontos de ultrapassagem, sobretudo quando o motorista segue atrás de veículos pesados, que são mais lentos.

Em Pedra do Indaiá, a situação se agrava pela geografia. Do Km 156 ao Km 162, a pista simples com descidas fortes e sem acostamentos funcionais é palco frequente de imprudência, onde os limites de 60 Km/h são frequentemente desrespeitados. No trecho seguinte, do Km 164 até o Km 176, o condutor enfrenta nova combinação de curvas fechadas em declives contínuos, com poucos pontos de ultrapassagem.

A atenção não pode diminuir em Pimenta, onde ocorreram cinco mortes no período avaliado. Nesse trecho, o motorista enfrenta, do Km 240 ao Km 251, longas retas de quase 10 quilômetros que terminam abruptamente em trechos sinuosos, com uma sequência de 700 metros de curvas fortes. A passagem pelo perímetro urbano sem separação física entre sentidos opostos, com acostamentos reduzidos e múltiplos acessos induz a conflitos de tráfegos distintos em áreas comerciais e turísticas.

Especialmente nesse trecho, a recomendação é manter respeito rigoroso à sinalização e aos radares para evitar saídas de pista, causa da maioria das cinco mortes no município.

Rteee, Diamantina e balneários do interior


No eixo composto por BR-135/MGC-135, que liga Curvelo, na Região Central, a Montes Claros, Norte de Minas, atravessando um total de oito municípios, os riscos levam a uma letalidade mais alta nos desastres. O número de sinistros foi menor do que o da MG-050, com 367 ocorrências, mas o trecho contabilizou mais vítimas, com 46 óbitos e 300 feridos. O percurso conta com praças de pedágio em Curvelo, Corinto, Buenópolis, Engenheiro Dolabela e Bocaiuva, com tarifas de R$ 10,20 para carros e R$ 5,10 para motos. 

A via é uma importante ligação com a região de Diamantina e do Serro e para balneários fluviais consagrados do Norte de Minas Gerais, como Pirapora e Januária.


O município de Corinto é um dos primeiros a apresentar situações perigosas pelo histórico da época. Por lá, há dois cenários de risco distintos. Na travessia urbana (Km 578 ao Km 580), o perigo se esconde principalmente no choque de ritmos entre o tráfego de viagem e o local, com presença intensa de bicicletas, travessias de pedestres, circulação e embarques e desembarques de ônibus urbanos, especialmente próximo ao entroncamento com a BR-496 (Avenida Amarante Ribeiro de Castro).

Já na saída da cidade (Km 570 ao Km 573), a falta de separação de vias, combinada com ultrapassagens indevidas, mesmo sob chuva ou pista molhada, resulta em acidentes graves, até em áreas monitoradas por radares.

Em Joaquim Felício, o excesso de velocidade em áreas de estreitamento de pista (Km 496 ao Km 498) é o principal fator de risco. Condutores de veículos que podem trafegar a 100 Km/h encontram na região estreitamentos de pista, desacelerações repentinas e manobras de mudanças de pistas bruscas e não sinalizadas nos acessos urbanos.

Mais ao norte, antes de Montes Claros, as ocorrências do período de férias indicaram riscos em Bocaiuva. O segmento do Km 401 ao Km 406, no trecho de serra com obras de ampliação, exige cautela. Fortes descidas e sequências de curvas elevam a frequência de sinistros graves, situação piorada sob incidência de chuvas.

Os declives contínuos exigem uso de freio motor, maior distanciamento entre veículos e redução imediata de velocidade em caso de chuva ou de pavimento molhado. O condutor deve também ter paciência para ultrapassagens devido à ao tráfego intenso de veículos pesados de carga, que não raramente demoram mais para ultrapassar um ao outro, gerando longas fileiras de carros.

Acidente matou oito pessoas e a única sobrevivente foi uma criança de 12 anos. Divulgação/Corpo de Bombeiros
Acidente matou oito pessoas e a única sobrevivente foi uma criança de 12 anos. Divulgação/Corpo de Bombeiros
Acidente matou oito pessoas e a única sobrevivente foi uma criança de 12 anos. Divulgação/Corpo de Bombeiros
Acidente matou oito pessoas e a única sobrevivente foi uma criança de 12 anos. Divulgação/Corpo de Bombeiros
Acidente matou oito pessoas e a única sobrevivente foi uma criança de 12 anos. Divulgação/Corpo de Bombeiros
Acidente matou oito pessoas e a única sobrevivente foi uma criança de 12 anos. Divulgação/Corpo de Bombeiros
Acidente matou oito pessoas e a única sobrevivente foi uma criança de 12 anos. Divulgação/Corpo de Bombeiros


Curto e arriscado caminho para as cidades históricas


O acesso a Ouro Preto e Mariana pela BR-356/MGC-356, a partir de Nova Lima, na Grande BH, embora mais curto do que os demais analisados (85 quilômetros), registrou volume considerável de ocorrências, totalizando 390 sinistros, com quatro pessoas tendo perdido a vida e 120 saindo feridas no período avaliado.

Um dos segmentos mais desafiadores e que registrou mais sinistros graves é a serra de Itabirito, na Região Central de Minas. Especialmente o segmento entre o Km 42 e o Km 56, onde o risco está associado principalmente à geometria acidentada em pista simples, com curvas sequenciais fortes sem separação física entre fluxos opostos.

A perda de controle, sobretudo motivada pela alta velocidade ou ultrapassagens indevidas, está entre os principais riscos, podendo resultar em saídas de pista às margens de precipícios ou choque frontal contra veículos em sentido oposto.

Já em Ouro Preto, o distrito de Cachoeira do Campo tem cenário de travessia urbana em que tráfego rodoviário cruza áreas comerciais com postos de abastecimento, restaurantes, lanchonetes, lojas de suprimentos rurais, de artesanatos e artigos turísticos.

Com alto fluxo de pedestres e transporte local, inclusive de ônibus, o trecho exige atenção redobrada e redução de velocidade para evitar atropelamentos e colisões transversais. O município como um todo registrou na BR-356 um total de 91 sinistros durante o período analisado. 

Diário de viagem 

Desde o domingo, o Estado de Minas publica a série “Fim de ano seguro”, que produz um guia com dicas de viagem analisando ocorrências registradas em estradas que levam a alguns dos destinos mais procurados, em território mineiro e fora dele, no período de 15 de dezembro a 31 de janeiro, entre 2022 e 2024, incluindo o intervalo até janeiro deste ano. A primeira reportagem mapeou os principais riscos e acidentes registrados na perigosa

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BR-381, em direção a São Paulo e, no sentido oposto, rumo ao Vale do Aço e Sul da Bahia. A segunda se concentrou nas armadilhas da BR-040, rumo ao litoral do Rio de Janeiro, ao Sul, e a Brasília, ao Norte. A edição de ontem alertou sobre as armadilhas da BR-262, de Leste a Oeste de Minas, rumo a praias concorridas no litoral do Espírito Santo ou ao Triângulo Mineiro. O conteúdo completo do levantamento pode ser acessado pelo em.com.br.

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