Censo em BH: qual o impacto de ter quase 40% dos alunos em escolas privadas
Os novos dados do censo escolar revelam um retrato da educação na capital mineira; entenda as causas e as consequências dessa concentração na rede privada
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Segundo o Censo Escolar 2024 divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 37% dos estudantes da educação básica em Belo Horizonte estão matriculados em escolas particulares. Isso corresponde a 183.028 alunos.
O dado de abril de 2025 coloca a capital mineira muito acima da média nacional (20,2%) e, com esse percentual, a rede privada se torna a maior da cidade, superando a municipal (32,7%) e a estadual (29,3%). A privatização é ainda mais acentuada na educação infantil, onde 52,4% das crianças de até 5 anos frequentam instituições particulares.
Esse cenário é resultado de uma combinação de fatores que influenciam a decisão de milhares de famílias. A busca por uma infraestrutura considerada melhor, turmas com menos alunos e propostas pedagógicas específicas estão entre os principais motivos que levam os pais a optarem pelo ensino pago.
A percepção sobre a qualidade da rede pública, muitas vezes associada a uma estrutura física defasada, também pesa na escolha. Para quem pode arcar com os custos, a escola particular surge como uma alternativa que promete mais estabilidade e um caminho mais direto para a aprovação em vestibulares e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O impacto da concentração na rede privada
Um dos principais efeitos dessa divisão é o aprofundamento da desigualdade social. Quando as escolas se tornam espaços frequentados majoritariamente por um único extrato social, a troca de experiências entre realidades diferentes diminui, o que pode reforçar visões preconceituosas.
A migração de alunos para o sistema particular também pode enfraquecer a pressão da sociedade por melhorias na rede pública. Com menos filhos de famílias de maior poder aquisitivo nas escolas do governo, a cobrança por investimentos e qualidade pode perder força, afetando quem depende exclusivamente do ensino público.
A longo prazo, essa dinâmica contribui para a formação de uma cidade mais segmentada. As oportunidades futuras acabam sendo distribuídas de forma desigual desde a infância, consolidando um ciclo difícil de ser quebrado.
O retrato apresentado pelo censo desafia os gestores públicos a criarem políticas que tornem a escola pública mais atrativa. Investir em infraestrutura, valorizar os professores e garantir um ambiente seguro são passos fundamentais para reverter essa tendência e construir um sistema educacional mais justo para todos os cidadãos de Belo Horizonte.
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Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.