Os moradores e agricultores de diversos municípios do Norte de Minas comemoraram nesta quinta-feira (6/11) o retorno da temporada chuvosa, após mais de seis meses de estiagem na região. Ao mesmo tempo que chega como alívio dos danos da seca, a chuva, quando em excesso, também traz prejuízos.

Foi o que aconteceu em Capitão Enéas, pequeno município norte-mineiro de pouco mais de 14 mil habitantes. Uma chuva, acompanhada de vento forte, que desabou na madrugada desta quinta-feira inundou ruas e casas, derrubou árvores, atingiu a rede elétrica e deixou a população várias horas sem luz. Cerca de 70 residências foram alagadas e os moradores perderam móveis, geladeiras e outros eletrodomésticos.

Segundo a coordenadora da Defesa Civil de Capitão Enéas, Roberta Valentino, em pouco mais de três horas foram registrados 150 milímetros de chuva na cidade. No entanto, em algumas localidades, choveu ainda mais, 180 milímetros – volume acima da média histórica para todo o mês de novembro, que é de 175 milímetros, segundo o Climatempo.


Valentino disse que o temporal pegou os moradores de surpresa. “O município não havia registrado um volume de chuvas dessa magnitude ao longo deste ano. O fenômeno não estava previsto pelos serviços de meteorologia. Contudo, a Defesa Civil, em parceria com a Secretaria Municipal de Obras, já tinha implementado ações paliativas que foram cruciais para minimizar os estragos”, afirmou.

Assim como outros 132 municípios do Norte de Minas e dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Capitão Eneas encontrava-se em situação de emergência por causa da falta de chuvas. Ao longo desta quinta-feira, equipes da Defesa Civil municipal percorreram diferentes áreas da cidade fazendo o levantamento de danos para subsidiar um novo decreto de emergência a ser assinado pelo prefeito Reinaldo Teixeira (Avanrte), agora motivado pelo excesso de chuvas em um único dia.

Chuva de granizo em comunidade quilombola

Na fim da tarde e na noite de quarta-feira (5/11), a comunidade quilombola de Monte Alto, na zona rural de Montes Claros, foi atingida por uma chuva de granizo, acompanhada por um vendaval.

De acordo com o secretário de Defesa Civil de Montes Claros, Anderson Vasconcelos Chaves, a tempestade destelhou casas e derrubou árvores. A estrada vicinal que dá acesso à localidade a Monte Alto (distante 42 quilômetros da sede urbana) também foi muito danificada.

Ainda conforme Vasconcelos, os danos materiais ocasionados pela chuva de granizo e o vento forte afetaram cerca de 200 pessoas (em 70 famílias), a maioria da população da quilombola, formada por 280 integrantes.

Também nesta quinta, os temporais causaram transtornos e prejuízos em outras cidades do semiárido mineiro, que foram castigadas pela estiagem ao longo deste ano, entras elas Teófilo Otoni e Padre Paraíso (Vale do Mucuri), e Novo Cruzeiro (Vale do Jequitinhonha).

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Dezembro e janeiro “bastante chuvosos”

O Norte de Minas, assim como os Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, depois de um período longo de estiagem, experimentam agora a volta das precipitações e terão um período “bastante chuvoso” nos meses de dezembro e janeiro. A informação é do meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo.

Segundo Ruibran, a previsão meteorológica indica que, em novembro, o Norte de Minas terá um volume chuvoso entre 150 e 180 milímetros, dentro da média histórica do mês para a região. “Agora, os meses de dezembro e janeiro deverão ser bastante chuvosos na região”, destaca o meteorologista.

Por outro lado, ele assegura, devido à intensidade dos efeitos da estiagem prolongada na região, como o secamento de centenas de rios e córregos e a destruição de lavouras e de pastagens, a recuperação dos danos da seca “vai demorar um pouco. Isso deverá acontecer mesmo a partir de meados do mês de dezembro”.

Ainda segundo Ruibran, está prevista para o próximo domingo (9/11) a chegada de uma nova frente fria em Minas Gerais e que vai avançar para as regiões Norte, Leste e Nordeste do estado. “Então, vamos ter chuvas novamente nessas regiões. No dia 16, uma outra frente fria vai estar atuando também”, disse o especialista, lembrando que as chuvas previstas para o semiárido mineiro neste mês são influenciadas pelo fenômeno La Niña.

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