O delegado Rafael Gomes de Oliveira, condenado no âmbito da Operação Transformers, deflagrada pelo Ministério Público para investigar irregularidades na Delegacia de Narcóticos de Juiz de Fora, poderá recorrer em liberdade.

O parecer consta em sentença na qual o juiz Daniel Réche da Motta, da 1ª Vara Criminal de Juiz de Fora, aplicou a pena de reclusão. O delegado foi sentenciado a 50 anos, 6 meses e 8 dias de prisão. Outros oito dos nove condenados também poderão ficar livres enquanto aguardam julgamento de recurso.

“Concedo aos réus o direito de apelarem em liberdade, considerando que estiveram soltos durante parte do curso processual, não havendo motivos para a decretação de suas segregações provisórias”, declarou o juiz. O narcotraficante Telcio da Silva Clemente, um dos condenados, não foi beneficiado, pois já estava preso.

Segundo a sentença, o delegado e Telcio lideraram uma organização criminosa entre 2018 e 2022. O grupo contava ainda com outros policiais civis e advogados, envolvidos em crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de drogas e organização criminosa.

Entre os atos comprovados está o recebimento de propinas mensais por parte de Rafael Gomes, do inspetor Rogério Marinho Júnior e do investigador Leonardo Gomes Leal. Os valores — uma entrada de R$ 30 mil e parcelas de R$ 15 mil — eram pagos por Telcio Clemente e intermediados pelos advogados Wilber Montezano de Mendonça e Wellington de Oliveira Lima, em troca da blindagem das atividades criminosas.

Além do delegado, Rogério e Leonardo, Gustavo de Souza Soares, Thiago Nazário Machado e Raphael Pereira Neto Luz, todos investigadores da Polícia Civil, devem perder dos cargos públicos, conforme determinou o juiz. A medida, porém, não tem efeito imediato, já que a sentença é de primeira instância.

Outro episódio destacado na sentença foi a troca de drogas apreendidas durante operação em março de 2021. Em vez de registrar a apreensão de 17 barras de cocaína de alta pureza, os policiais substituíram o material por 19 barras de crack e uma de cocaína de baixa qualidade, garantindo que Telcio não fosse vinculado ao laboratório desmantelado.

Condenações dos demais envolvidos

Além do delegado Rafael Gomes, também foram condenados:

Rogério Marinho Júnior (inspetor da PC): 37 anos e 7 meses de prisão – braço direito de Rafael, controlava investigações e propinas.

Leonardo Gomes Leal (investigador da PC): 13 anos e 1 mês de prisão – atuava em investigações e ações que garantiam o recebimento de propina.

Wilber Montezano de Mendonça (advogado): 29 anos e 9 meses de prisão – intermediava negociações entre traficantes e policiais.

Wellington de Oliveira Lima (advogado): 12 anos e 3 meses de prisão – responsável por entregar valores da propina.

Telcio da Silva Clemente (narcotraficante): 21 anos e 8 meses de prisão – líder da organização criminosa.

Gustavo de Souza Soares (investigador da PC): 16 anos e 4 meses de prisão – participou da troca de drogas apreendidas.

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