A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) antecipou a Campanha de Vacinação contra a gripe. A partir de hoje, 78 mil pessoas do público prioritário poderão receber o imunizante. São idosos de 80 anos ou mais, gestantes e puérperas (mulheres com até 45 dias após o parto). O objetivo é reduzir complicações, internações e óbitos decorrentes de infecção pelo vírus influenza. Conforme o boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), nas últimas semanas, há crescimento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na maior parte do país, em todas as faixas etárias analisadas.

 

Em Minas Gerais, o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, alertou para a temporada de infecções respiratórias e o aumento de internações, ainda na semana passada. Na capital, os números mais recentes comprovam a maior circulação das doenças, já que, em 16 dias, os centros de saúde de BH atenderam 14.052 pessoas com sintomas respiratórios. O número é praticamente o mesmo registrado em todo o mês de janeiro, quando foram feitos 14.132 atendimentos.



Com a mudança brusca de temperatura, típica da chegada do outono, as doenças respiratórias, como gripe, resfriados, pneumonias e bronquiolites, são esperadas entre março e julho. A função da vacina é prevenir formas graves das doenças, e em Belo Horizonte, a campanha começa uma semana antes da data prevista pelo Ministério da Saúde, que é 25 de março.

 

Tradicionalmente, a vacinação contra gripe se inicia em abril e maio. Neste ano, a campanha nacional se antecipa ao período de sazonalidade da doença, que se soma à epidemia de dengue e ainda a casos de zika e chikungunya – arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti –, e pode pressionar ainda mais o sistema de saúde. A vacina é trivalente, ou seja, apresenta três tipos de cepas de vírus em combinação, protegendo contra os principais agentes da gripe em circulação no Brasil.

 

Para receber o imunizante em BH é necessário apresentar documento de identificação com foto, além do cartão de vacina, para o devido registro. Já as puérperas devem apresentar certidão de nascimento do bebê, cartão da gestante ou registro do hospital onde ocorreu o parto. As doses estarão disponíveis nos 152 centros de saúde da capital, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

 

Segundo documento da Fiocruz divulgado na última quinta-feira (14/3), o atual quadro de síndromes respiratórias é decorrente dos diversos tipos de vírus que estão circulando no território nacional, entre os quais o Sars-CoV-2 (da COVID-19), influenza (da gripe), vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 10 (de 3 a 9 de março), o estudo do InfoGripe tem como base dados inseridos até 11 de março.

 

O boletim destaca que os casos de SRAG por influenza A (gripe) aumentaram em estados do Nordeste, Sudeste e Sul. Nessas duas últimas regiões, os casos ocorrem em combinação com o aumento por COVID-19. Até 8 de março, última atualização do painel de monitoramento da Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Minas acumulava 45.481 casos da doença provocada pelo coronavírus, com 165 mortes neste ano.

 

ELEVAÇÃO EM CAPITAIS

 

Entre as capitais, 20 apresentam sinal de crescimento nos casos de SRAG, incluindo Belo Horizonte. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, até sábado (16/3), houve 1.758 solicitações de internação devido a doenças respiratórias na rede SUS/BH. Do início do ano a 3 de fevereiro, foram 596 pessoas internadas. Entre 4 de fevereiro e 2 de março, as solicitações subiram para 660. Entretanto, de 3 a 16 de março, intervalo de 14 dias, o número chegou a 502 solicitações.

 

Os atendimentos de pessoas com sintomas respiratórios também aumentaram nos centros de saúde e UPAs da cidade. Em janeiro, foram 21.155 atendimentos— uma média de 682 pessoas por dia. No mês seguinte, houve uma explosão de casos, com 29.784 atendimentos e média de 1.027 diários. Até o dia 16, março acumula 15.747 atendimentos a pacientes, cerca de 984 pessoas por dia.

 

A situação de BH reflete o cenário nacional, que sugere expansão nas tendências de longo prazo—últimas seis semanas, e curto prazo, últimas três. Este ano, já foram notificados 16.550 casos de SRAG no Brasil. Em Minas Gerais, segundo a SES, as notificações somaram um total de 1.688 de 1º de fevereiro a 18 de março.

 

Em linha com o alerta feito pelo secretário Baccheretti no início deste mês, o InfoGripe evidencia que as síndromes respiratórias agudas graves seguem impactando crianças de até 2 anos, tendo como principal agente o vírus sincicial, enquanto o vírus influenza aumenta a ocorrência de casos graves em crianças, pré-adolescentes e idosos. 

 

DENÚNCIA NO TAPUME

 

Em plena epidemia da arbovirose, pichação em tapume de um lote no Bairro Sagrada Família, na Região Leste de BH, alerta para a presença de "foco de dengue" no local. O terreno é da Construtora Excelso e, segundo comerciantes da região, tem ponto de concentração de água parada, facilitando a reprodução do mosquito Aedes aegypti. A empresa afirma que o setor de engenharia já foi alertado para verificar com urgência a situação. A Prefeitura de BH, por sua vez, informou que recentemente o proprietário do imóvel foi autuado e orientado sobre a necessidade de garantir a limpeza adequada do espaço. Mais 3.143 casos de dengue foram confirmados na cidade entre a terça-feira da semana passada e ontem, de acordo com balanço da Secretaria Municipal de Saúde. O número chega a 16.530, enquanto outros 66 mil casos suspeitos aguardam confirmação. O número de mortes, 20, se manteve estável no mesmo período. Neste ano, também foram confirmados 1.205 casos de chikungunya em residentes de Belo Horizonte, com dois óbitos. 961. Não há casos de zika confirmados na capital.

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