A fachada da Igreja da Boa Viagem voltará a ter as cores originais: ocre e azul, que remetem ao trigo e à Virgem Maria -  (crédito: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

A fachada da Igreja da Boa Viagem voltará a ter as cores originais: ocre e azul, que remetem ao trigo e à Virgem Maria

crédito: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS

 

A “casa” da padroeira de Belo Horizonte, Nossa Senhora da Boa Viagem, completa, hoje, 100 anos, com programação especial no Santuário Arquidiocesano da Santíssima Eucaristia, mais conhecido como Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Região Centro-Sul da capital. Também no feriado dedicado à Nossa Senhora da Conceição, que tem uma legião de devotos em Minas Gerais, os fiéis poderão participar de missas e procissão luminosa no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Conceição dos Pobres, no Bairro Lagoinha, na Região Noroeste de BH.

Já é intenso o movimento de católicos no Santuário Arquidiocesano da Santíssima Eucaristia, na Rua Sergipe, 175. Hoje, após a missa das 18h, haverá edição do Minas ao Luar, com apresentação musical de Bárbara Barcellos e o Quarteto Mil Tons, além da cantora Aline Calixto, com o show Ana Clara Viva. No início da tarde (após a missa das 11h), Coral e Orquestra da Polícia Militar de Minas Gerais trazem o Concerto de Natal no Santuário Arquidiocesano. A apresentação será logo após a missa das 11h.

O vínculo da capital com Nossa Senhora da Boa Viagem vem dos tempos de Curral del-Rei, o povoado que sumiu do mapa para construção da capital, inaugurada em 12 de dezembro de 1897. “Temos, em BH, mais de 300 anos de devoção à Nossa Senhora da Boa Viagem, em três construções diferentes. A capelinha primitiva, depois a matriz, ambas demolidas, e finalmente o templo inaugurado em 8 de dezembro de 1923”, conta o reitor e titular da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, padre Marcelo Silva. A igreja seria inaugurada em 7 de setembro de 1922, para as comemorações do centenário da Independência do Brasil, mas a obra não ficou pronta.

CORES ORIGINAIS

Logo após o período de chuvas, o Santuário Arquidiocesano da Santíssima Eucaristia, que teve o interior totalmente restaurado, entrará em nova fase de conservação. “Vamos fazer o restauro da parte externa, com o retorno das cores originais: ocre e azul”, explica o sacerdote, informando que o bege monocromático visto hoje será retirado.

Os tons originais foram descobertos no interior da igreja, sob sete camadas de tinta, em prospecções feitas por especialistas – conforme se vê atualmente dentro do templo em estilo neogótico, com cerca de 100 pináculos (pequenas torres) que marcam sua arquitetura. “Nossa igreja é mariana e eucarística. E é muito importante na história de BH”, ressalta. Sobre as cores originais, o azul remete à abóbada celeste e à Virgem Maria, e o amarelo ocre no tom do trigo, símbolo da eucaristia.

Quem chega à Igreja Boa Viagem, tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), em 1977, não pode deixar de admirar, além da imagem da padroeira dos belo-horizontinos, os vitrais laterais, com 10 metros de altura, o lavabo em pedra-sabão, de 1793, da antiga matriz, além do espaço verde que circunda a edificação e representa uma ilha verde na Região Central. “Este é o Marco Zero da cidade, e esperamos que seja reconhecido pela Câmara Municipal de Belo Horizonte”, observa o padre.

HISTÓRIA

Inaugurada em 8 de dezembro de 1923, a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, atual Santuário Arquidiocesano da Santíssima Eucaristia, tem uma história que vai muito além de um século de história. “É preciso lembrar que a história da capital surgiu com a imagem que estava na capela original, em torno da qual nasceu o arraial, formou-se a vila e cresceu a capital. São mais de 300 anos”, afirma Marcelo.

Em 1709, o português Francisco Homem del Rey conseguiu autorização da Coroa portuguesa, por meio de cartas de sesmarias, e se estabeleceu na região onde hoje se encontra BH. Ele trouxe uma imagem da padroeira dos navegantes portugueses, que o acompanhou na travessia do Oceano Atlântico.

Francisco ergueu em suas terras uma pequena capela de pau a pique. Como estava na rota dos tropeiros, a igrejinha recebeu o nome de Nossa Senhora da Boa Viagem.

Com a construção da capital, foi necessário erguer um novo templo. Em 1932, o título de padroeira da capital mineira foi oficializado pelo papa Pio XII, a pedido do cardeal dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota.


PROGRAMAÇÃO

Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem
Missas às 7h, 8h30, 11h e18h
12h – Concerto de Natal com a Orquestra e Coral da Polícia Militar de Minas Gerais
19h – Edição especial do Minas ao Luar, com apresentação musical de Bárbara Barcellos e o Quarteto Mil Tons, e da cantora Aline Calixto, com o show Ana Clara Viva

Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Conceição dos Pobres
9h – Procissão motorizada, saindo da Catedral Cristo Rei em direção ao santuário, na Lagoinha.
Missas às 4h, 6h, 8h, 10h, 12h, 14h, 16h e 18h
Procissão luminosa, após a missa das 18h