As regiões afetadas pelas minas foram tomadas por rachaduras  -  (crédito: Reprodução/Universidade Federal de Alagoas (Ufal))

As regiões afetadas pelas minas foram tomadas por rachaduras

crédito: Reprodução/Universidade Federal de Alagoas (Ufal)

O risco de afundamento de bairros de Maceió, provocado pelas minas de extração de sal-gema da empresa Braskem, foi alertado pela primeira vez em 1980. Dois professores da Universidade Federal de Alagoas (Unifal) emitiram comunicados sobre como a mineração no local poderiam prejudicar bairros inteiros.

Os alertas foram dados elo professor Abel Galindo, do curso de Engenharia Civil da Ufal, atualmente aposentado, e também pelo biólogo e professor também aposentado da Universidade, José Geraldo Marques.

No entanto, o primeiro estudo formal sobre o tema foi publicado por pesquisadores da Ufal em 2010 na revista científica Geophysical Journal International. O documento mostrou que a exploração do sal-gema pela Braskem estava provocando um aumento no nível do lençol freático na região. Esse aumento de pressão poderia causar o afundamento do solo.

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Uma no depois, outro estudo foi publicado pela revista científica Engineering Geology, que chegou à mesma conclusão. Os pesquisadores mostraram que o afundamento poderia atingir até 1,5 metros em algumas áreas da cidade.

O afundamento começou a se tornar evidente em 2018, quando surgiram rachaduras em algumas casas e ruas. A Braskem foi obrigada a interromper a mineração e evacuar os moradores das áreas afetadas, já que foi corroborado pelos pesquisadores que a responsabilidade é diretamente da empresa.

Em 2020, a Justiça de Alagoas determinou que a empresa pagasse indenização às famílias afetadas pelo afundamento. A empresa também foi condenada a reparar os danos ambientais causados.

Mina 18 da Braskem

Após a responsabilização, algumas das minas entraram em processo de fechamento. No entanto, o processo foi interrompido após novos tremores serem registrados no local.

Segundo a Defesa Civil de Maceió, no último mês, o bairro Mutange, onde está a mina 18 da Braskem, registrou aumento nas atividades sísmicas. Desde então, autoridades estudaram o local e, agora, constataram que há risco de colapso na mina. Se isso ocorrer, a região que está acima da mina pode ser engolida em um afundamento de terra.

O local já foi desocupado e a Defesa recomenda que embarcações e pessoas evitem transitar nas proximidades. Seis escolas da rede pública de Maceió foram equipadas para abrigar pessoas que tiveram de sair de suas residências; mais três instituições de ensino estão de sobreaviso. Os locais também vão abrigar animais de estimação.

Na quinta-feira (30/11), a Braskem disse, em nota, que está monitorando a situação da mina 18 e que trabalha, desde a noite de quarta-feira (29/11), no apoio à realocação emergencial. Segundo a petroquímica, 99,3% dos imóveis estão desocupados.

*Estagiária sob supervisão de Talita de Souza