Famílias questionaram falta de pediatras e demora em atendimentos nas unidades de saúde da cidade -  (crédito: Lucas Peralta/TV Alterosa)

Famílias questionaram falta de pediatras e demora em atendimentos nas unidades de saúde da cidade

crédito: Lucas Peralta/TV Alterosa

Os 3.100 testes rápidos para detecção de Streptococcus adquiridos pela Prefeitura de São João del-Rei, na Região do Campo das Vertentes, já estão disponíveis nas unidades de saúde da cidade. Os exames foram comprados depois que crianças apresentaram sintomas de amigdalite, febre e problemas de pele. De acordo com a administração municipal, neste domingo (5/11), mais uma criança deu entrada na Santa Casa com febre e vômito. Apesar de todo o temor em torno dos sintomas clínicos, até então, não há confirmação de que os pacientes tenham se contaminado pela bactéria.

Em boletim divulgado no fim da tarde desta segunda-feira (6/11), a Prefeitura de São João del-Rei informou que a inclusão do novo paciente aos informes acontece em decorrência “à solicitação criteriosa de exame para detecção de alguma bactéria”. A criança, que não teve idade informada, passa bem e aguarda os resultados. Em relação ao outro paciente, que já estava internado na instituição, a Santa Casa informou que seu quadro clínico está estável e “segue evoluindo bem”.

No dia 26 de outubro, a Secretaria Municipal de Saúde adquiriu 3.100 testes rápidos para a detecção da bactéria do gênero Streptococcus. Ao longo do feriado prolongado, os exames foram distribuídos nas Unidades Básicas de Saúde com Estratégia Saúde da Família e Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Conforme a pasta, um tutorial de como os testes devem ser feitos foi encaminhado aos profissionais de saúde, bem como uma ficha de controle dos atendimentos, testes realizados e seus exames.

“Ressaltamos que o teste rápido só será realizado com critério médico baseado na análise dos sintomas, de acordo com o protocolo elaborado para os profissionais de saúde e disponibilizado ainda hoje”, informou a secretaria.

Onda de medo

Desde outubro, São João del-Rei está sob os holofotes da saúde pública em decorrência da grande quantidade de crianças apresentando os mesmos sintomas clínicos. A possibilidade da possível infecção, que teria causado a contaminação de outras crianças, se espalhar motivou o fechamento de escolas municipais em, pelo menos, cinco cidades: São João del-Rei, Conceição da Barra de Minas, Santa Cruz de Minas, Ritápolis e Tiradentes. Além de Felício dos Santos, no Vale do Jequitinhonha, que registrou 27 casos de escarlatina, diagnosticados clinicamente, sem realização de exames laboratoriais.

Além disso, a morte de três crianças, até então por causas desconhecidas, intensificou o medo na população. Na última terça-feira (31/10), a Secretaria de Estado de Saúde descartou que o óbito da última vítima, no dia 23 de outubro, foi em decorrência de contaminação pela Streptococcus do grupo A, como havia suspeita. Na ocasião, a pasta afirmou que amostras enviadas à Fundação Ezequiel Dias apontaram que não houve crescimento bacteriano do microorganismo.

A criança na qual os exames de amostragem já tiveram resultados deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), depois de passar pelo atendimento da Santa Casa da cidade. A causa da morte, então divulgada, teria sido disfunção de múltiplos órgãos em razão de choque séptico, ou seja, infecção generalizada. Apesar dos resultados, a SES-MG não informou o que causou o óbito.

Ainda sem um alvo

Com a entrega do primeiro resultado o Governo de Minas informou que o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do estado (Cievs-Minas) ainda aguarda os demais exames laboratoriais para conclusão das investigações epidemiológicas. No entanto, o executivo afirmou que o “laboratório de referência estadual não recebeu amostras das outras duas crianças que vieram a óbito”. A reportagem questionou a Prefeitura de São João del-Rei para onde as amostras foram enviadas, mas até o fechamento da edição não havia obtido nenhuma resposta.

Ainda segundo o Estado, até o momento as investigações sugerem que os pacientes que evoluíram ao óbito tiveram uma infecção disseminada, também conhecida como sepsemia. O quadro pode ser causado por diferentes agentes infecciosos. “Como os resultados disponíveis ainda não foi possível definir o micro-organismo responsável por cada um dos óbitos, nem afirmar que todos os óbitos tenham sido causados pelo mesmo agente infeccioso.”

Com isso, a Prefeitura de São João del-Rei afirmou que tem concentrado os trabalhos na capacitação de profissionais em relação ao protocolo que orienta aos sinais, sintomas de alarme e consequente informação à população, “para que não haja mais fatalidades”.