Mãe com açúcar
Ontem foi o Dia da Vovó, aquela pessoa que adula e mima as crianças e constrói um relacionamento de amor incondicional, confiança e cumplicidade
compartilhe
Siga noO Dia dos Avós foi criado pelo papa Paulo VI, no século 20, para celebrar os avós de Jesus, que só são citados em um dos livros apócrifos da Bíblia católica. A data começou a ser difundida no Brasil como sendo o Dia da Vovó, em 2000, mas depois de vários anos, os vovôs ficaram enciumados e reivindicaram lugar na homenagem. Eles são especiais, mas as vovós são o xodó dos netinhos, e as histórias de amor e cumplicidade são emocionantes.

Uma vovó coruja é a empresária Cláudia Travesso. Ela tem três filhos e já está com dez netos, e quer mais. Ela não esquece a emoção que sentiu quando seu filho Felipe contou que estava “grávido”. “Foi uma alegria indescritível, me transformei, é um sopro de vida numa época em que estamos ficando mais velhos", conta.
De seus dez netos, dois são do coração, são filhos do primeiro casamento de seu genro. "Para mim não existe diferença entre meus netos. Nem dos netos do coração. Meu amor por eles é indiscutível. Tudo que fazemos nessa família temos que encaixar os horários e as possibilidades para que eles possam vir, nunca fizemos uma viagem de família sem eles."
Cláudia fica indignada quando alguém fala que ela tem apenas oito netos, deixando de lado Laura e Pedro, porque ela nutre uma paixão indiscutível por ambos. Uma pessoa teve a infelicidade de dizer a Laura que ela deixaria de ser o xodó do vovô porque tinha nascido a irmã. Claudia ficou indignada, chamou a neta e disse: “quando seu pai casou com a minha filha eu podia ignorar vocês, ou torná-los apenas uma parte integrante e não netos. David e eu incorporamos vocês como netos, você e seu irmão são os nossos netos escolhidos, nós pudemos escolher vocês, os outros netos não há escolha o que vem eu tenho que aceitar, você é minha neta escolhida”. Laura ficou tão feliz que deu um dos abraços mais emocionantes que Cláudia já recebeu em sua vida. “É isso, Laura e Pedro são meus netos escolhidos".

A empresária, apesar de apaixonada pelos netos, obedece as regras impostas pelos pais das crianças com relação à alimentação e educação. "Eu sou muito brava, não conquisto por deixar fazer tudo, conquisto por fazer coisas diferentes, por dedicar tempo a eles, conversar de igual pra igual, fazer bagunça em casa, mas não prejudico a educação."
A maior dificuldade é reunir toda a família, porque o filho mora aqui, mas uma das filhas mora em São Paulo e a outra em Londres. Mas a vovó não se dá por rendida e todos os anos organiza uma viagem em família, com todos juntos, sem abrir mão de Laura e Pedro.
No resto do ano Claúdia e David se organizam indo uma vez por mês para São Paulo e duas vezes por ano para Londes, e as filhas fazem o mesmo, com as famílias. "Os netos são um sopro de alegria na vida da gente, uma renovação da força, do amor, um amor diferente de todos que a gente já viveu, um amor indescritível”, conclui.
Meu oxigênio
Luciane Moreira tem dois netos, Filippo, de 3 anos e Matheu, de 1 ano e meio, ambos de seu filho mais velho, Mauro, casado com Lara Gori, que segundo Luciane, é igual uma filha para ela.
Luciane afirma que ser avó é uma experiência incrível, é ter oportunidade de compartilhar sabedoria, amor e experiência com os netos. “É muito bom vê-los crescer e desenvolver sem ter aquela responsabilidade dos pais. Criar memória com netos é uma sensação de sabedoria e experiência para compartilhar”.
A relação de Luciane com os netos ficou mais intensa depois da perda do marido, ano passado. “Fiquei péssima e foram os meus netos que me trouxeram alegria de novo. Eles são uma injeção de vida, volto a ser criança com eles, sentamos no chão, nos lambuzamos e permitimos a bagunça, tudo isso na casa da vovó”, conta.
Essa vovó deixa os meninos fazerem de tudo em sua casa. Não adianta recomendação dos pais, ela dá de ombros e só faz o que quer, inclusive tem uma gaveta de balas para eles se esbaldarem. “O amor e a conexão que tenho com meus netos são únicos. É uma alegria ver a próxima geração crescer e desenvolver”.
Luciane faz questão de ver os meninos quase todos os dias, e aos domingos o café da manhã em família é garantido, com a presença das sogras dos filhos, porque todas são muito amigas, iguais irmãs. “A figura da vovó é de ser amiga e confidente. Os netos são verdadeiros tesouros na vida, trazem alegria, amor e renovação para vida nossa vida”, completa reforçando que seus netos são os mais bonitos, inteligentes e espertos do mundo.
Avó babá
Paula Vieira de Miranda, de 62 anos, teve duas netinhas aos 52 anos, e em um período de 4 anos e meio já tinha Valentina, Clara, Helena, Gabriela e Maria Paula.
“Tinha muita vontade e ser avó. Tive um netinho antes da Valentina, nasceu com 6 meses de gravidez, viveu apenas 3 dias. Foi um momento muito pesado e difícil que passamos, mas depois Deus teve muita misericórdia e nos mandou cinco estrelinhas seguidas”, relembra.
Quando Rafaela – a filha mais velha – deu a notícia da segunda gravidez foi muita alegria, principalmente por já ter tido o diagnóstico do problema que levou à perda do primeiro filho. A família respirou aliviada na certeza que daria tudo certo. E deu. Duas semanas depois foi a vez de Felipe anunciar a gravidez dele. “Foi uma maravilha”.
“Nos cinco primeiros anos das minhas netas eu cuidei delas. Eu era autônoma e decidi dar um tempo no trabalho para ajudar. Nunca mais voltei e cuidei das cinco netas”.
Na pandemia Paula deu uma pauda no papel de vovó babá para cuidar de sua mãe que era idosa. Quando voltou o convívio, ela assumiu os cuidados de Valentina e Maria Paula.
“Meu relacionamento com minhas netas é lindo, elas são muito agarradas comigo, sou a avó que cria, educa, chama atenção, beija, adula e paparica. E todas elas são muito luxentas”, diz com orgulho. “Com as meninas da Rafaela eu faço papel de mãe, levo e busco na escola, no inglês, no balé etc. As do Felipe eu vejo alguns dias da semana, mas sempre estamos juntos nos finais de semana. Vamos para praça, shopping, brincamos muito. Elas estão em fases muito bonita da vida. Curto tudo muito.”