A arbitragem no futebol brasileiro, incluindo o VAR, tem gerado muita polêmica dentro e fora das quatro linhas -  (crédito: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

A arbitragem no futebol brasileiro, incluindo o VAR, tem gerado muita polêmica dentro e fora das quatro linhas

crédito: Ramon Lisboa/EM/D.A Press

 

O futebol brasileiro está doente, quase um paciente terminal. Os desmandos de dirigentes incompetentes, ao longo dos anos, alguns até venais em seus clubes, nos transformou em chacota mundial. Tecnicamente, estamos na lama. Moralmente, também. Ninguém acredita em determinados presidentes, que se acham donos dos clubes, quando na verdade estão apenas no cargo, de forma temporária. A maioria é despreparada, nunca deu um chute na bola e posa de “estadista” quando está mais para piadista. Fico feliz em ver Leila Pereira, presidente do Palmeiras, Mario Bitencourt, do Fluminense, e Marcelo Paz, do Fortaleza, como a nova safra de gente altamente preparada, que gere seus clubes com mãos de ferro, sem dar ingressos a torcedores, sem fazer média com eles, tratando os anônimos e verdadeiros adeptos como aqueles que merecem realmente respeito. Não à toa, seus clubes são sinônimo de sucesso, independentemente da conquista de títulos ou não. O Fortaleza perdeu a Sul-Americana, mas isso não diminui o trabalho do presidente e sua equipe. Escrevi essa coluna antes de Fluminense e Boca, portanto campeão ou não, o Flu é um clube muito bem dirigido.

Volta e meia, dependendo do resultado, dirigentes atacam a CBF e a culpam pelas arbitragens caóticas que temos. Gente, a arbitragem brasileira é a pior do mundo, mas não a vejo como venal, como dizem alguns. São árbitros despreparados, arrogantes e que são proibidos de dar entrevistas. Erram, vão para a chamada “geladeira”, que pode durar uma ou duas semanas, e voltam a errar no jogo seguinte. O Tal Wilton Pereira Sampaio, por exemplo, é o que há de pior na arbitragem. Mas foi premiado ao apitar a Copa do Mundo do Catar. Felizmente, a International Board percebeu que ele não tinha a mínima capacidade e, depois de apitar Inglaterra e França e prejudicar os ingleses, não apitou mais. Passamos por uma grave crise, e hoje nenhum árbitro quer assumir responsabilidade. Quando o VAR surgiu, entrevistei o melhor árbitro que o Brasil já teve, Arnaldo Cezar Coelho, e ele disse: “O VAR veio para acabar com o futebol. Os árbitros não vão assumir mais nada e jogarão a responsabilidade no dispositivo”. Ele estava certo.

Pensei que com a chegada das SAFs moralizaríamos nosso futebol, mas, pelo visto, nada mudou. Ao ver John Textor, dono da SAF do Botafogo, chamar a CBF de “corrupta”, dizendo que seu clube está sendo roubado e que há um complô para que não seja campeão”. Ora, senhoras e senhores, esse senhor é dono de um clube na França, o Lyon, e na Inglaterra, o Crystal Palace. Nunca o vimos agredir as entidades por lá, pois ele seria punido, severamente. No Brasil, ele faz o que quer. Acha que é casa de “mãe Joana”. Entra em campo, xinga o árbitro, discute com o técnico adversário e fala “gatos e sapatos” sobre a CBF. Pelo jeito, Textor já se adequou aos cartolas locais, fazendo tudo aquilo que condenamos ao longo dos tempos. Todos nós estamos indignados com a arbitragem brasileira, mas esse me parece um caso sem solução. Nem mesmo a profissionalização dos árbitros vai melhorar o nível deles.

Já não produzimos craques como no passado. Hoje, um ou outro tem a pinta de que vai explodir, e é vendido bem cedo. Vejam o caso de Vini Júnior, que foi para o Real Madrid aos 17 anos, e Endrick, que segue os mesmos passos de Vini. Foi comprado pelo time merengue por uma fortuna. Aliás, essa dupla é a nossa maior esperança para a Copa de 2026. A falta de campos na periferia, a falta de olheiros de verdade, aqueles que no passado conheciam uma joia a ser lapidada e a falta de respeito com os jovens, está transformando nosso futebol nessa mesmice que estamos vendo. Fomos o país do futebol. Não somos mais. Quando “balançamos a árvore já não vemos os craques caírem aos montes”. Estão escassos, assim como os grandes dirigentes, que não conseguimos contar em uma mão. O futebol virou apenas business (negócio), onde ganhar dinheiro a qualquer custo é o que importa. A qualidade técnica, essa foi deixada de lado há tempos. Nosso futebol, ainda único pentacampeão do mundo, agoniza com uma morte anunciada. Só não sabemos quando o paciente irá morrer!