A inflamação do corpo não vem só da comida. Segundo a médica Dra. Priscila Antunes (CRM 109981-7), criadora da comunidade Saúde Conectada, sentimentos como medo, culpa, raiva e ansiedade podem causar um processo inflamatório mais intenso e perigoso do que um sanduíche ultraprocessado. Para ela, desinflamar o corpo começa pela mente, pelo autocuidado emocional e pela forma como reagimos às situações da vida.
Com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram (@drapriantunes), ela alerta: pensar constantemente em coisas negativas gera estresse crônico, desregula hormônios e compromete a imunidade. A longo prazo, isso pode abrir portas para doenças graves, inclusive autoimunes. É por isso que controlar os pensamentos e cultivar emoções positivas não é apenas uma escolha de bem-estar, mas uma atitude de saúde preventiva.
Emoções negativas podem inflamar o corpo?
Sim, e a ciência já comprovou isso. Emoções como raiva, preocupação e estresse crônico estimulam a liberação de cortisol em excesso, hormônio ligado ao aumento da inflamação sistêmica. Quando isso ocorre de forma repetida, o corpo entra em um estado constante de alerta, o que prejudica o equilíbrio hormonal, reduz a imunidade e favorece o surgimento de doenças.
Além disso, sentimentos como culpa, vergonha e medo aumentam a produção de citocinas inflamatórias — proteínas que ativam o sistema imune de forma descontrolada. Assim como alimentos ultraprocessados provocam inflamação por seus aditivos e excesso de açúcar, os pensamentos negativos fazem o mesmo, mas silenciosamente e por períodos prolongados.
Como pensamentos acelerados e ansiedade influenciam na saúde?
A mente acelerada é um dos principais gatilhos de inflamação emocional. Pensar demais, antecipar problemas, remoer mágoas ou viver com medo constante sobrecarrega o sistema nervoso. Isso interfere na digestão, na qualidade do sono, na produção de neurotransmissores e até na absorção de nutrientes.

A ansiedade crônica, por exemplo, está ligada ao aumento de marcadores inflamatórios como a proteína C-reativa e a interleucina-6. Isso explica por que pessoas com transtornos emocionais têm mais dificuldade de emagrecer, mais cansaço e maior tendência a doenças como enxaqueca, síndrome do intestino irritável e desequilíbrios hormonais.
A alimentação sozinha consegue desinflamar?
Não. Um corpo desinflamado não depende apenas do que se come, mas também do que se sente e do que se pensa. De acordo com a Dra. Priscila, mesmo que você consuma um alimento altamente inflamatório de vez em quando, se o seu corpo estiver equilibrado, ele terá capacidade de eliminar as toxinas com mais eficiência.
Por outro lado, manter uma alimentação 100% saudável enquanto se vive constantemente no estresse, medo ou raiva, não é suficiente para promover saúde verdadeira. A mente influencia diretamente o intestino, o fígado e a resposta do sistema imune. Por isso, saúde emocional é parte indissociável da saúde física.
Ter autocontrole é um sinal de um corpo desinflamado?
Sim. Segundo a Dra. Priscila, quando o corpo está desinflamado, a mente ganha mais clareza, foco e capacidade de escolha. Isso permite fazer melhores decisões alimentares, controlar os impulsos e evitar atitudes automáticas que prejudicam a saúde. A desinflamação promove um estado de equilíbrio entre razão e emoção.
Essa autonomia emocional permite que o indivíduo não seja dominado pela “matéria”, ou seja, pela compulsão por comida, pela reatividade e pelo cansaço extremo. Ter autocontrole começa com a regulação das emoções e passa por práticas como meditação, respiração consciente, sono de qualidade e bons relacionamentos.
Como começar a desinflamar a mente?
O primeiro passo é tomar consciência da forma como você pensa e reage. Praticar a gratidão, reduzir o consumo de informações negativas, dormir bem e se cercar de pessoas que te fazem bem são atitudes simples, mas poderosas. A Dra. Priscila recomenda também atividades que envolvem o corpo, como caminhada, alongamento e contato com a natureza.
Outro ponto importante é buscar conhecimento sobre o funcionamento do seu corpo e mente. Participar de comunidades de saúde, como a criada pela própria Dra. Priscila, pode ajudar a criar novos hábitos e transformar o estilo de vida aos poucos, de forma natural e sem pressão.
Fontes e links utilizados
- National Institutes of Health (NIH) – “Stress and inflammation: How they are linked”
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5579396 - Frontiers in Psychology – “Emotion and immune system: The psychoneuroimmunology link”
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2020.01430/full - Perfil oficial da Dra. Priscila Antunes no Instagram
https://www.instagram.com/drapriantunes