Especialistas alertam que a depressão dos pais pode impactar diretamente o desenvolvimento emocional das crianças. Um sintoma específico, muitas vezes silencioso, parece alterar a forma como o cérebro infantil reage a experiências positivas e negativas, aumentando o risco de problemas emocionais ao longo da vida.
Por que a depressão dos pais afeta os filhos?
Pesquisas anteriores já mostravam que filhos de pais deprimidos têm maior risco de desenvolver depressão. Agora, estudos recentes indicam que a forma como o cérebro da criança processa emoções pode ser moldada pelo estado emocional dos pais no dia a dia.
Segundo o pesquisador Brandon Gibb, diretor do Instituto de Transtornos de Humor da Universidade de Binghamton, crianças expostas à depressão parental tendem a reagir menos intensamente tanto a estímulos positivos quanto negativos, o que pode comprometer o engajamento emocional.

Qual sintoma específico parece ser o mais determinante?
Os pesquisadores identificaram que nem todos os sintomas depressivos têm o mesmo impacto. Um deles se destaca por afetar diretamente a resposta emocional das crianças. Entre os principais achados do estudo, estão os pontos a seguir.
- Anedonia: perda de interesse ou prazer que reduz o envolvimento emocional dos pais com atividades cotidianas
- Respostas emocionais atenuadas: menor demonstração de entusiasmo ou frustração no ambiente familiar
- Menor estímulo positivo: redução de reforços emocionais que ajudam a criança a interpretar experiências
Como o estudo avaliou o impacto no cérebro infantil?
O estudo publicado no Journal of Experimental Child Psychiatry, envolveu mais de 200 pais e filhos entre 7 e 11 anos. As crianças participaram de um experimento simples, que avaliava reações cerebrais a ganhos e perdas financeiras.
De acordo com a pesquisadora Alana Israel, doutoranda da Universidade de Binghamton, crianças cujos pais apresentavam níveis mais altos de anedonia mostraram respostas neurais reduzidas ao ganhar ou perder dinheiro, indicando menor sensibilidade emocional.

O que esses resultados indicam sobre riscos futuros?
Os achados sugerem que a anedonia parental pode funcionar como um fator de risco específico para o desenvolvimento de dificuldades emocionais nas crianças. Essa resposta reduzida pode anteceder sintomas clássicos da depressão infantil.
- Menor reação a recompensas: crianças podem perder interesse por atividades antes prazerosas
- Dificuldade de engajamento emocional: redução do envolvimento social e afetivo
- Risco aumentado de depressão: sinais precoces podem surgir ainda na infância
O tratamento dos pais pode mudar esse cenário?
Os pesquisadores destacam que intervenções focadas nos pais podem trazer benefícios indiretos aos filhos. Tratar a anedonia e estimular emoções positivas no ambiente familiar pode ajudar a normalizar as respostas emocionais das crianças.
Segundo Alana Israel, futuras pesquisas devem avaliar se terapias que aumentam o humor positivo e fortalecem o vínculo entre pais e filhos conseguem reduzir esses efeitos, ajudando famílias que apresentam maior vulnerabilidade emocional.




