No contexto da saúde materna, o fenômeno do nascimento de bebês sem vida, conhecido como Natimorto, continua a ser um desafio significativo, apesar dos avanços nos cuidados pré-natais. Um estudo realizado pela Universidade de Harvard destacou que uma quantidade considerável desses casos ocorre sem uma causa médica identificada ou fatores de risco aparentes, apontando para lacunas ainda existentes na previsão e prevenção desse evento trágico.
A pesquisa, que analisou cerca de 2,8 milhões de gestações entre 2016 e 2022, revelou que a incidência de natimortos nos Estados Unidos foi de aproximadamente 1 para cada 147 nascimentos. Esse índice é maior do que o registrado por agências de saúde, como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que relataram uma taxa de 1 a cada 175.
Quais são as disparidades na ocorrência de natimortos?
Analisando mais profundamente as estatísticas, a pesquisa de Harvard identificou disparidades significativas entre diferentes grupos socioeconômicos e raciais. As taxas de natimortos foram mais elevadas em famílias de baixa renda, onde ocorriam 1 a cada 112 nascimentos, e nas comunidades com maior proporção de residentes negros, registrando 1 a cada 95 nascimentos. Esses dados sugerem uma conexão com desigualdades estruturais no acesso e na qualidade do atendimento pré-natal disponível para essas populações.
Os pesquisadores também levantaram questões sobre a precisão das notificações de óbitos fetais. As variações na qualidade e definição das certidões de óbito fetal entre os estados podem distorcer o entendimento real da magnitude do problema em âmbito nacional.
Fatores de risco e causas ainda desconhecidas
Apesar de mais de 70% dos casos de natimortos analisados pelo estudo apresentarem pelo menos um fator de risco conhecido, tais como obesidade, diabetes ou uso de substâncias, uma proporção considerável ocorreu sem uma razão clara. Essa revelação levanta preocupações sobre a necessidade de uma compreensão mais abrangente dos fatores que contribuem para esses nascimentos trágicos.
- Complicações como hipertensão crônica, baixo nível de líquido amniótico, ou anomalias fetais foram identificadas como riscos significativos.
- O aumento dos riscos foi especialmente notório em gestações que ultrapassaram as 41 semanas.
Impacto das desigualdades no atendimento materno
O estudo de Harvard aponta que, além das lacunas inerentes ao acesso aos serviços de saúde, desigualdades estruturais e possivelmente preconceitos podem influenciar negativamente o atendimento materno. Isto é evidente mesmo entre as mulheres que possuem planos de saúde privados, mas que residem em áreas com menos recursos.

Como reduzir os casos de natimortos?
Para abordar esse flagelo, é essencial uma abordagem multifacetada que inclua melhorias na precisão dos dados, educação em saúde mais robusta e a promoção de cuidados pré-natais equitativos e acessíveis. Investir em pesquisa para compreender melhor os casos de natimortos sem causa conhecida também é crucial para o desenvolvimento de estratégias preventivas eficazes.
O estudo reforça a importância de políticas públicas que visem não apenas ampliar o acesso, mas também melhorar a qualidade do cuidado pré-natal, especialmente em comunidades desfavorecidas. Somente através de esforços concentrados e inclusivos será possível reduzir a incidência de natimortos e seus impactos devastadores nas famílias e na sociedade.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
CRM-GO 33.271




