A Justiça espanhola extinguiu a pensão paga a duas filhas adultas ao reconhecer renda própria, autonomia financeira e ruptura total do vínculo familiar por mais de dez anos, afastando a obrigação baseada na solidariedade familiar.
Uma decisão da Justiça espanhola chamou atenção ao extinguir a pensão alimentícia paga por um pai a duas filhas adultas. O tribunal considerou a independência financeira, a ausência prolongada de contato e a perda do vínculo familiar como fatores decisivos no julgamento.
Por que o tribunal decidiu extinguir a pensão alimentícia?
O caso foi analisado pelo Tribunal Provincial de Granada, que entendeu que a pensão alimentícia para filhas adultas perde sentido quando não existe vínculo humano. A decisão destacou que a obrigação depende da solidariedade familiar, inexistente diante do afastamento prolongado.
Os juízes ressaltaram que a ausência de contato não foi pontual nem justificada por conflitos passageiros. Segundo os autos, houve uma ruptura definitiva da relação familiar, mantida por mais de uma década e reconhecida pelas próprias filhas durante o processo judicial.

Quem são as filhas e qual era a situação de cada uma?
O tribunal avaliou individualmente a realidade das duas filhas, levando em conta idade, renda e trajetória profissional. Esses elementos foram determinantes para concluir que não havia mais dependência econômica, conforme os pontos detalhados a seguir.
- Casilda: filha de 32 anos, com emprego fixo no El Corte Inglés e renda própria mensal comprovada.
- Valentina: filha de 30 anos, dedicada há anos à preparação para concursos públicos, sem vínculo atual com o pai.
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Como a falta de vínculo familiar pesou na decisão?
Para os magistrados, a ausência de laços afetivos foi o ponto central do caso. Não houve ligações, mensagens ou encontros entre pai e filhas desde o divórcio, o que descaracterizou a base moral que sustenta a obrigação alimentar.
A sentença reforça que não se pode exigir apoio financeiro quando a relação foi rompida por vontade dos beneficiários. Assim, a rejeição continuada ao convívio familiar tornou a cobrança judicial da pensão um ato considerado inútil.

Quais fundamentos legais sustentaram o fim da pensão?
O Tribunal Provincial apoiou-se em entendimentos consolidados do Supremo Tribunal espanhol. A análise jurídica levou em conta critérios claros, aplicados de forma objetiva ao caso concreto, como mostram os fundamentos a seguir.
- Necessidade real: a pensão só subsiste quando há dependência econômica comprovada.
- Solidariedade familiar: pressupõe vínculo afetivo ativo entre pais e filhos.
- Responsabilidade pelo afastamento: atribuída principalmente às filhas, segundo as provas.
O que essa decisão representa para casos semelhantes?
A sentença cria um precedente relevante ao reforçar que a pensão alimentícia não é automática na vida adulta. Cada situação deve ser analisada com base em renda, comportamento e manutenção do vínculo familiar ao longo do tempo.
Para especialistas, o caso sinaliza que a Justiça tende a equilibrar direitos e deveres, reconhecendo limites da obrigação parental. Quando há autonomia e ruptura afetiva comprovadas, a extinção legal da pensão passa a ser uma possibilidade concreta.

