O fechamento repentino de uma unidade do McDonald’s na região de Oakland, em plena temporada de festas, chamou a atenção para um tema que normalmente fica nos bastidores: a relação entre grandes redes de fast-food, seus franqueados e os trabalhadores que mantêm esses negócios vivos em um cenário de custos altos, mudanças nos hábitos de consumo e economia instável.
Como funciona o modelo de franquias do McDonald’s
A palavra-chave aqui é franquia do McDonald’s. Nesse modelo, um empreendedor compra o direito de usar a marca, o cardápio, os sistemas e o know-how da rede, pagando taxas iniciais, royalties sobre o faturamento e contribuições para publicidade.
Na prática, o franqueado é um pequeno ou médio empresário sob o guarda-chuva de uma marca global, seguindo padrões rígidos de qualidade e segurança. Ao mesmo tempo, assume riscos típicos de qualquer comércio: aluguel, folha de pagamento, manutenção e necessidade de apoio contínuo da franqueadora.

O que o caso da franquia do McDonald’s em Oakland revela sobre trabalhadores e comunidade
Em downtown Oakland, o encerramento definitivo da última unidade do McDonald’s na região afetou diretamente dezenas de funcionários, muitos avisados poucos dias antes do feriado de Ação de Graças, sem chance real de transferência para outras lojas.
A situação levou a uma greve em 25 de novembro, organizada com apoio do sindicato de trabalhadores de fast-food da Califórnia, reacendendo debates sobre responsabilidade dos franqueados e da marca em fechamentos, comunicação antecipada, apoio na transição e efeitos sobre a imagem local.
Quais problemas sanitários e trabalhistas surgiram na unidade de Oakland
Essa mesma unidade já havia sido fechada temporariamente em maio de 2024, após o Departamento de Saúde Ambiental do Condado de Alameda encontrar ratos vivos e mortos no local, fato exibido em vídeo na TV e amplamente compartilhado em sites de notícias.
Trabalhadores relataram ameaças de demissão caso registrassem o problema, o que levou parte da equipe a parar em protesto. O franqueado afirmou ter acionado controle de pragas e priorizado segurança, ampliando discussões sobre higiene, canais de denúncia e supervisão da franqueadora.
Como o modelo de franquias pressiona custos e condições de trabalho
Especialistas em trabalho apontam que franquias de fast-food concentram mais controvérsias trabalhistas do que unidades próprias, pois a combinação de custos elevados, taxas de franquia e margens apertadas incentiva cortes em mão de obra, treinamento e manutenção.
Um exemplo envolveu franqueados de McDonald’s, Dunkin’ Donuts e Subway em Massachusetts, autuados em abril de 2025 por violações às leis de trabalho infantil, com menores trabalhando mais horas e em horários proibidos entre 2021 e 2024, resultando em multas de dezenas de milhares de dólares.
Que impacto os fechamentos de franquias têm na economia do setor
O fechamento de uma franquia do McDonald’s não é isolado: dados do U.S. Bureau of Labor Statistics mostram que cerca de 17% dos novos restaurantes fecham no primeiro ano, e pouco mais de um terço continua aberto após dez anos de operação.
Em 2024, estimativas apontaram o fechamento de dezenas de milhares de restaurantes independentes e milhares de unidades de redes nos Estados Unidos, enquanto mais de 820 mil franquias — cerca de 14% pertencentes a veteranos das Forças Armadas — continuaram movimentando dezenas de bilhões de dólares ao ano.

Quais lições o caso de Oakland deixa para o futuro do fast-food
O caso da franquia do McDonald’s em Oakland reúne dilemas centrais da indústria de fast-food: condições de trabalho, comunicação com equipes, saúde e segurança, pressão por custos baixos e preservação da imagem da marca em um ambiente competitivo.
Enquanto o McDonald’s reportou aumento de 3,6% nas vendas globais comparáveis no terceiro trimestre do ano fiscal de 2025, com alta de 2,4% nos EUA e crescimento de 7% nas receitas de restaurantes franqueados, muitos operadores locais relatam margens encolhendo, custos subindo e clientes mais cautelosos, o que exige mudanças de postura prática no dia a dia.
- Comunicar fechamentos e mudanças com antecedência real, oferecendo alternativas concretas a funcionários sempre que possível.
- Investir constantemente em treinamento em higiene, segurança alimentar e direitos trabalhistas para equipes e gestores.
- Fortalecer auditorias, canais de denúncia anonimizados e mecanismos de supervisão entre franqueadora e franqueados.
- Rever contratos e estrutura de custos para evitar cortes em pessoas, manutenção e segurança, preservando reputação e sustentabilidade.
A experiência em Oakland mostra que uma franquia pode fechar em silêncio, mas o impacto sobre trabalhadores, comunidade e marca permanece por muito tempo, revelando que o futuro do fast-food depende menos da velocidade do atendimento e mais da responsabilidade assumida em cada decisão.




