A ideia de que todo infarto vem acompanhado de uma dor intensa no peito ainda é comum, mas pode ser perigosa. De acordo com o cardiologista intervencionista Dr. Ismael Bassani, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e criador de conteúdo no TikTok (@ismaelbassanicardio), é fundamental entender que o infarto pode se manifestar de forma silenciosa ou atípica, especialmente em grupos de risco.
O reconhecimento dos sintomas menos conhecidos pode salvar vidas. E o mais importante: mesmo sem dor no peito, o infarto continua sendo uma emergência médica que exige atenção imediata.
É verdade que o infarto pode ocorrer sem dor no peito?
Sim. Embora a dor no peito seja o sintoma mais clássico e reconhecido do infarto, ela não está presente em todos os casos. Em muitos pacientes, especialmente em mulheres, idosos e pessoas com diabetes, o infarto pode se manifestar de forma atípica.
Esses grupos têm maior probabilidade de apresentar sintomas como cansaço repentino e excessivo, dificuldade para respirar (falta de ar súbita), dor na mandíbula ou no braço esquerdo e até episódios de desmaio. O problema é que esses sinais são facilmente confundidos com outras condições, atrasando o diagnóstico e o tratamento.
Por que os sintomas do infarto são diferentes em alguns casos?
A diferença está na forma como o corpo interpreta e transmite os sinais da dor. Em pessoas com diabetes, por exemplo, os nervos periféricos podem estar comprometidos, o que reduz a sensibilidade à dor típica. Já nas mulheres, fatores hormonais e cardiovasculares podem influenciar uma apresentação clínica menos convencional.

Idosos também costumam ter uma resposta diferente à dor por causa do envelhecimento do sistema nervoso. Por isso, o infarto nesses grupos pode se manifestar com fraqueza, mal-estar, confusão mental ou sintomas vagos. A falta de dor no peito não significa que o risco seja menor — pelo contrário, pode indicar uma condição mais grave e subestimada.
Quais sintomas devem acender o alerta de infarto silencioso?
De acordo com o Dr. Bassani, os sinais que devem chamar atenção são:
- Falta de ar repentina, mesmo em repouso
- Dor incomum na mandíbula, pescoço ou braço esquerdo
- Fadiga intensa e sem explicação aparente
- Tontura, sensação de desmaio ou perda de consciência
- Náuseas ou suor frio sem motivo
A presença de qualquer um desses sintomas, principalmente em pessoas com histórico de doenças cardíacas, hipertensão, colesterol alto ou diabetes, deve ser levada a sério. O atendimento precoce é determinante para evitar complicações graves ou morte súbita.
Quem está mais vulnerável ao infarto sem dor no peito?
Mulheres em idade avançada, diabéticos e pessoas idosas estão entre os principais grupos de risco para infarto atípico. Isso não significa que outras pessoas não possam ter sintomas diferentes, mas esses perfis merecem atenção especial justamente porque costumam demorar mais para procurar socorro.
Muitos casos de infarto silencioso só são descobertos em exames de rotina ou após eventos mais graves. A prevenção, o acompanhamento médico e o conhecimento sobre esses sinais são fundamentais para reduzir a mortalidade cardiovascular.
O que fazer ao suspeitar de um infarto atípico?
O primeiro passo é não ignorar os sintomas, mesmo que eles não envolvam dor no peito. Qualquer desconforto súbito, especialmente em pessoas com fatores de risco, deve ser avaliado por um médico. Em caso de suspeita, o ideal é acionar o serviço de emergência imediatamente.
Um eletrocardiograma e exames de sangue são capazes de confirmar o diagnóstico com rapidez. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhores as chances de recuperação e menor o risco de sequelas.