Álvaro Pascual-Leone é reconhecido internacionalmente por sua contribuição à neurologia, especialmente no campo da estimulação magnética transcraniana. Com mais de três décadas de atuação, Pascual-Leone se destaca por pesquisas inovadoras sobre a plasticidade cerebral e pelo desenvolvimento de métodos não invasivos para estudar e modular o funcionamento do cérebro humano. Sua participação em eventos científicos, como as jornadas promovidas pela Fundação Querer em 2025, reforça seu papel de liderança no avanço da neurociência.
O trabalho de Pascual-Leone tem como foco principal compreender como o cérebro se adapta ao longo da vida, utilizando técnicas modernas de neuroimagem e neurofisiologia. Ele busca identificar maneiras de potencializar os benefícios dessas adaptações para cada indivíduo, contribuindo para tratamentos em neurologia, psiquiatria e reabilitação. Além disso, sua atuação acadêmica na Harvard Medical School amplia o alcance de suas descobertas, influenciando profissionais e pesquisadores em todo o mundo.
Quais são os principais avanços na estimulação magnética transcraniana?
A estimulação magnética transcraniana (EMT) é uma técnica que utiliza campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro de forma não invasiva. Pascual-Leone foi um dos pioneiros na aplicação clínica da EMT, demonstrando seu potencial em diferentes contextos, como o tratamento de depressão resistente, reabilitação pós-AVC e investigação de funções cognitivas. Nos últimos anos, a EMT tem sido aprimorada com equipamentos mais precisos e protocolos personalizados, aumentando sua eficácia e segurança.
Entre os avanços recentes, destaca-se a combinação da EMT com outras ferramentas de neuroimagem, como a ressonância magnética funcional, permitindo mapear com maior exatidão as áreas cerebrais envolvidas em processos cognitivos e comportamentais. Além disso, estudos têm explorado o uso da EMT em distúrbios neurológicos e psiquiátricos, ampliando as possibilidades terapêuticas e promovendo uma abordagem mais individualizada para cada paciente. Outro avanço significativo foi a introdução de dispositivos portáteis de EMT, facilitando o acesso ao tratamento em regiões distantes, como já ocorre em algumas cidades nos Estados Unidos e na Europa.

Como a plasticidade cerebral influencia o aprendizado e a reabilitação?
A plasticidade cerebral refere-se à capacidade do cérebro de se modificar em resposta a experiências, estímulos e lesões. Segundo Pascual-Leone, essa característica é fundamental para o desenvolvimento humano, pois permite a adaptação contínua às mudanças do ambiente e às necessidades individuais. A compreensão dos mecanismos que regulam a plasticidade tem impacto direto em estratégias de ensino, reabilitação e tratamento de doenças neurológicas.
- Aprendizado contínuo: O cérebro mantém a habilidade de aprender ao longo da vida, desde que seja estimulado de forma adequada.
- Reabilitação personalizada: Técnicas como a EMT podem potencializar a recuperação de funções perdidas após lesões cerebrais, adaptando-se às necessidades de cada pessoa.
- Adaptação tecnológica: O uso de dispositivos digitais e novas metodologias de ensino pode influenciar positivamente a plasticidade, desde que guiado por princípios éticos e científicos.
O desafio atual, segundo especialistas, é direcionar a plasticidade cerebral para mudanças benéficas, evitando impactos negativos decorrentes do uso inadequado de tecnologias ou de métodos pouco fundamentados. Pesquisas recentes na Universidade de São Paulo reforçam a importância de intervenções multidisciplinares para otimizar o processo de reabilitação, especialmente em crianças e idosos.
Quais são os dilemas éticos no uso de tecnologias para modulação cerebral?
O avanço das técnicas de leitura e modificação da atividade cerebral levanta questões éticas relevantes. Entre elas, destaca-se a discussão sobre os chamados neurodireitos, que buscam garantir a privacidade e o controle individual sobre dados cerebrais. A possibilidade de editar memórias ou influenciar comportamentos por meio de intervenções tecnológicas exige regulamentação rigorosa e debate público transparente.
- Privacidade dos dados cerebrais: Quem deve ter acesso às informações obtidas por meio de neurotecnologias?
- Consentimento informado: Como assegurar que as pessoas compreendam os riscos e benefícios dessas intervenções?
- Limites da modulação: Até que ponto é aceitável alterar aspectos da identidade ou da memória de um indivíduo?
Alguns países, como o Chile, já avançaram na inclusão dos neurodireitos em sua legislação, enquanto outras nações discutem modelos de proteção inspirados em declarações internacionais recentes. O debate ético acompanha o ritmo acelerado das descobertas científicas, buscando equilibrar inovação e responsabilidade social. Destaca-se que, em 2023, o Parlamento Europeu também começou a analisar propostas de regulação de neurotecnologias, ressaltando a dimensão global do tema.
Qual é o futuro da neurociência e a essência do ser humano?
As pesquisas lideradas por Pascual-Leone continuam a expandir os limites do conhecimento sobre o cérebro, abordando questões fundamentais sobre consciência, identidade e interação entre tecnologia e biologia. A possibilidade de compartilhar experiências ou até mesmo editar memórias sugere novos horizontes para a compreensão da essência humana, ao mesmo tempo, em que reforça a necessidade de preservar a autonomia e a individualidade de cada pessoa.
O cenário atual aponta para uma integração crescente entre ciência, ética e sociedade, com o objetivo de utilizar os avanços neurocientíficos para promover saúde, bem-estar e respeito aos direitos fundamentais. O trabalho de Pascual-Leone exemplifica como a pesquisa pode contribuir para transformar desafios em oportunidades, sempre com atenção às implicações humanas e sociais das novas tecnologias.




