A creatina é um composto natural produzido pelo corpo humano, principalmente no fígado, rins e pâncreas, sendo armazenada em maior quantidade nos músculos e no cérebro. Nos últimos anos, a creatina ganhou destaque não apenas entre atletas e praticantes de musculação, mas também no campo da saúde, devido ao seu potencial impacto sobre funções cognitivas e outros aspectos do bem-estar. O interesse científico por esse nutriente aumentou, impulsionando pesquisas que buscam compreender seus benefícios e possíveis aplicações terapêuticas.
Embora o organismo seja capaz de sintetizar creatina, a quantidade produzida pode não ser suficiente para suprir todas as necessidades, especialmente em situações de alta demanda energética. Por isso, muitas pessoas recorrem à ingestão de alimentos ricos em creatina, como carnes e peixes, ou à suplementação. Estudos recentes — inclusive realizados em universidades no Reino Unido e na Austrália — têm investigado o papel da creatina em diferentes fases da vida e em condições de saúde variadas, ampliando o debate sobre sua importância nutricional.
Como a creatina atua no corpo humano?
A principal função da creatina está relacionada ao fornecimento rápido de energia para as células, especialmente durante atividades de alta intensidade e curta duração. Ela atua como um reservatório de fosfato, facilitando a regeneração do ATP, a principal moeda energética do organismo. Esse mecanismo é fundamental não só para o desempenho físico, mas também para o funcionamento adequado do cérebro, onde a demanda energética é constante.
Além do papel energético, pesquisas sugerem que a creatina pode exercer efeitos antioxidantes e contribuir para a proteção celular em situações de estresse. Em determinadas condições, como privação de sono ou doenças que afetam o metabolismo energético, a suplementação de creatina tem sido avaliada como uma estratégia para minimizar sintomas e melhorar a qualidade de vida.
Quais são os benefícios da creatina para a saúde cognitiva?
Nos últimos anos, a relação entre creatina e saúde cerebral tem sido alvo de diversos estudos. Evidências indicam que a suplementação pode favorecer funções como memória, atenção e velocidade de processamento mental, especialmente em situações de maior exigência cognitiva ou em populações com níveis reduzidos de creatina, como vegetarianos e veganos.
- Memória e aprendizado: Alguns estudos apontam que a creatina pode melhorar a memória de curto prazo e a capacidade de aprendizado, principalmente em pessoas privadas de sono ou sob estresse.
- Redução da fadiga mental: A suplementação pode ajudar a reduzir a sensação de cansaço mental, favorecendo o desempenho em tarefas intelectuais prolongadas.
- Possível auxílio em condições neurológicas: Pesquisas preliminares investigam o uso da creatina em doenças neurodegenerativas e em quadros de “nevoeiro mental” associados a condições como a covid longa.
Apesar dos resultados promissores, ainda são necessários estudos mais amplos e padronizados para confirmar esses efeitos e determinar as doses ideais para cada situação.

Quem pode se beneficiar da suplementação de creatina?
A creatina é tradicionalmente associada ao aumento de força e massa muscular, sendo muito utilizada por atletas. No entanto, diferentes grupos podem se beneficiar da suplementação, de acordo com as evidências mais recentes:
- Idosos: A suplementação pode ajudar a preservar a massa muscular e a força, contribuindo para a prevenção da sarcopenia.
- Vegetarianos e veganos: Pessoas que não consomem alimentos de origem animal tendem a apresentar níveis mais baixos de creatina, podendo se beneficiar do suplemento.
- Pessoas com doenças crônicas: Estudos investigam o papel da creatina em condições como depressão, fadiga pós-viral e recuperação de lesões cerebrais.
- Gestantes e bebês: Pesquisas iniciais sugerem que a creatina pode ter papel importante no desenvolvimento fetal e na proteção contra danos causados por falta de oxigênio, embora a suplementação durante a gravidez ainda exija mais estudos de segurança.
É importante ressaltar que a suplementação deve ser orientada por um profissional de saúde, considerando as necessidades individuais e possíveis contraindicações.
Quais são os riscos ou efeitos colaterais da creatina?
Embora seja considerada segura para a maioria das pessoas quando utilizada nas doses recomendadas, a creatina pode causar efeitos colaterais em alguns casos. Entre os possíveis sintomas estão retenção de líquidos, desconforto gastrointestinal e cãibras musculares. Pessoas com histórico de problemas renais ou hepáticos devem evitar o uso sem acompanhamento médico.
Casos raros de complicações mais graves foram relatados, especialmente em situações de uso excessivo ou prolongado. Por isso, a orientação profissional é fundamental para garantir a segurança e a eficácia da suplementação.
Como garantir a ingestão adequada de creatina?
A principal fonte alimentar de creatina são as carnes vermelhas e peixes. Para quem segue dietas restritivas ou apresenta necessidades aumentadas, a suplementação pode ser uma alternativa. No entanto, ainda não existem recomendações oficiais sobre a ingestão diária ideal para diferentes faixas etárias ou condições de saúde.
- Manter uma alimentação equilibrada, incluindo fontes naturais de creatina, é a principal estratégia para a maioria das pessoas.
- Consultar um nutricionista ou médico antes de iniciar qualquer suplemento é fundamental para evitar riscos desnecessários.
O avanço das pesquisas sobre a creatina deve trazer, nos próximos anos, orientações mais precisas sobre seu uso em diferentes contextos, ampliando o conhecimento sobre esse nutriente essencial para o corpo humano.
Perguntas e respostas sobre creatina
- A creatina pode ser usada por crianças e adolescentes?
O uso de creatina por crianças e adolescentes deve ser avaliado cuidadosamente por um médico ou nutricionista. Em geral, ela não é recomendada para menores de 18 anos a menos que haja uma indicação clínica específica e acompanhamento profissional. - Quanto tempo leva para sentir os efeitos da suplementação?
Os efeitos da creatina podem ser percebidos em cerca de 1 a 4 semanas, variando de acordo com a individualidade biológica, alimentação e rotina de treinos. No caso dos benefícios cognitivos, os resultados podem variar ainda mais conforme o estado nutricional e a quantidade de creatina já presente nos tecidos. - Creatina engorda?
A creatina pode causar um aumento de peso inicial devido à retenção de água dentro das células musculares. No entanto, não provoca ganho de gordura corporal, sendo esse aumento temporário e ligado principalmente ao maior volume muscular. - A creatina pode ser utilizada por pessoas com diabete?
Algumas pesquisas indicam que a creatina pode até melhorar a sensibilidade à insulina, mas indivíduos com diabete devem consultar o médico antes de iniciar a suplementação, já que cada caso pode ter particularidades. - Qual é a melhor forma de tomar creatina (em pó, cápsulas, com carboidratos)?
Creatina mono-hidratada em pó é a forma mais estudada e eficiente. Tomá-la junto a uma pequena quantidade de carboidratos pode ajudar na absorção, mas ela pode ser consumida em cápsulas ou misturada a sucos e shakes. O importante é garantir regularidade diária no consumo. - Existe risco de dependência ao usar creatina?
Até o momento, não há evidências de que a creatina cause dependência física ou psicológica. Seu uso pode ser interrompido a qualquer momento sem sintomas de abstinência, mas os ganhos obtidos (principalmente de desempenho físico) podem diminuir após a suspensão. - Vegetais ou outros alimentos vegetais fornecem creatina?
Praticamente não. Quase toda a creatina disponível na alimentação vem de fontes animais — principalmente carne vermelha e peixes. Por isso, vegetarianos e veganos tendem a apresentar estoques mais baixos e são um grupo para o qual a suplementação pode ser especialmente benéfica.