Muitas pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) enfrentam dificuldades para controlar a raiva e os impulsos. Segundo o psicólogo Igor Andrade (CRP 17/3189), especialista em transtornos mentais, essa reação não significa que são agressivas por natureza, mas sim que lidam com um padrão emocional mais intenso e desafiador.
Em seu perfil @psi.igor, ele explicou que a agressividade pode aparecer em contextos de frustração, estresse ou quando há dificuldade para gerenciar emoções desconfortáveis. Isso faz parte das características do TDAH, mas não define a personalidade da pessoa.
TDAH causa agressividade?
Não diretamente. O TDAH é marcado por impulsividade, desatenção e hiperatividade. Essa impulsividade pode gerar respostas explosivas em situações de frustração, mas isso não significa que a pessoa tenha um traço de personalidade agressiva.
O comportamento agressivo aparece, em muitos casos, como consequência da dificuldade em regular emoções fortes. Situações de rejeição, cobrança excessiva ou sobrecarga sensorial podem levar a reações intensas que são mal interpretadas por quem está ao redor.
Por que pessoas com TDAH têm baixa tolerância à frustração?
A baixa tolerância à frustração está ligada à forma como o cérebro processa recompensas e estímulos no TDAH. Há uma menor ativação no sistema dopaminérgico, responsável por regular motivação, prazer e autocontrole. Isso torna mais difícil lidar com contrariedades.
Dessa forma, pequenas decepções ou obstáculos cotidianos podem desencadear reações desproporcionais, pois a pessoa sente o desconforto com intensidade maior do que o habitual. Esse ciclo impacta negativamente a autoestima e a convivência social.
A impulsividade pode causar conflitos?
Sim. A impulsividade faz com que a pessoa com TDAH fale ou aja sem pensar, interrompa conversas, invada o espaço do outro ou reaja de forma intempestiva. Tudo isso pode gerar mal-entendidos, discussões e dificuldades nos relacionamentos.

Além disso, a dificuldade em esperar a própria vez ou manter o foco em interações sociais pode ser interpretada como desinteresse ou desrespeito — o que não corresponde à realidade, mas sim à dinâmica do transtorno. A comunicação clara com familiares e amigos é essencial para evitar julgamentos.
O que são transtornos associados ao TDAH?
Em alguns casos, o TDAH vem acompanhado de outros diagnósticos, como transtorno de conduta ou transtorno desafiador opositivo (TOD). Essas condições potencializam comportamentos agressivos, desafiadores ou hostis, especialmente na infância e adolescência.
Por isso, o diagnóstico correto e completo é tão importante. Tratar apenas os sintomas do TDAH pode não ser suficiente se existirem comorbidades envolvidas. Psicoterapia, acompanhamento psiquiátrico e apoio familiar são partes fundamentais do tratamento multidisciplinar.
O que dizem os especialistas e instituições oficiais?
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) e a American Psychiatric Association, a impulsividade e a dificuldade com o controle emocional são sintomas reconhecidos do TDAH, mas não se trata de um transtorno agressivo por definição.
A Organização Mundial da Saúde reforça que a abordagem terapêutica deve ser personalizada e contínua. Técnicas como terapia cognitivo-comportamental (TCC), treino de habilidades sociais e, em alguns casos, medicação, podem ajudar a reduzir conflitos e melhorar a qualidade de vida.
Fontes confiáveis:
Ministério da Saúde – https://www.gov.br/saude
Organização Mundial da Saúde (OMS) – https://www.who.int
Associação Brasileira do Déficit de Atenção – https://www.tdah.org.br
American Psychiatric Association – https://www.psychiatry.org
PubMed – https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov
TDAH não é falta de caráter — é falta de regulação emocional
O recado do psicólogo Igor Andrade é claro: pessoas com TDAH não são agressivas, mas sim emocionalmente sobrecarregadas em muitos momentos. Reconhecer isso é o primeiro passo para quebrar o estigma e construir relações mais empáticas e acolhedoras.
A chave está no diagnóstico correto, no acompanhamento profissional e na educação sobre o transtorno. Com suporte adequado, é possível desenvolver estratégias para lidar melhor com as emoções e reduzir os impactos da impulsividade no dia a dia.