Acredita que o segredo para evitar doenças neurodegenerativas seja manter o cérebro sempre ativo? Pois segundo o Dr. Alexandre Duarte (CRM-SP 162757), médico e especialista em fisiologia metabólica e hormonal, o excesso de estímulo cerebral pode, na verdade, ser um fator de risco para demência. Em vídeo publicado no Instagram @dralexandreduarte, ele alerta que usar o cérebro de forma intensa e constante — especialmente sob estresse — pode ser mais nocivo do que o sedentarismo mental.
Essa visão contraria o senso comum de que “quem não usa, atrofia”. De acordo com o médico, a hiperatividade cerebral crônica, associada a emoções como preocupação constante, pode desgastar os neurônios e contribuir para quadros como Alzheimer e Parkinson.
Usar o cérebro demais pode ser um problema?
Sim. De acordo com o Dr. Alexandre, o cérebro é um órgão que consome uma quantidade altíssima de energia. Estímulos constantes — seja por trabalho intelectual intenso, estresse crônico ou sobrecarga emocional — geram um ambiente de excitotoxicidade, que pode desgastar os neurônios.
O médico explica que a maior parte dos pacientes com demência que atende são pessoas ativas intelectualmente, muitas delas preocupadas em excesso. Ou seja, o excesso de atividade cerebral, quando não compensado com descanso adequado, pode favorecer o desgaste das células cerebrais a longo prazo.
O que é excitotoxicidade e como isso afeta os neurônios?
Excitotoxicidade é um processo neurológico no qual os neurônios são danificados e destruídos por uma estimulação excessiva por neurotransmissores, especialmente o glutamato. Essa estimulação constante sobrecarrega os receptores e leva a uma liberação exacerbada de cálcio nas células, o que pode resultar em estresse oxidativo, inflamação e, eventualmente, morte neuronal.
Esse mecanismo é reconhecido como um dos principais fatores de progressão de doenças como Alzheimer, Parkinson e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
O papel das emoções na saúde cerebral
Dr. Alexandre destaca que, mais do que a quantidade de uso do cérebro, o tipo de uso e o estado emocional associado são determinantes. Pessoas excessivamente preocupadas, ansiosas ou hiperestimuladas, mesmo sendo intelectualmente ativas, podem apresentar desgaste mais rápido das funções cognitivas.

Em outras palavras, a saúde do cérebro está mais relacionada ao equilíbrio entre atividade e recuperação do que à quantidade de atividade em si. Emoções como preocupação, frustração e insatisfação constante favorecem a inflamação crônica e afetam a integridade neuronal.
É verdade que não usar o cérebro também faz mal?
Sim. A inatividade mental pode levar à perda de sinapses e à diminuição da neuroplasticidade. No entanto, o ponto central da fala do Dr. Alexandre é que o excesso também pode ser prejudicial — especialmente quando acompanhado de estresse e falta de autocuidado. O ideal é buscar um equilíbrio saudável entre estímulo cognitivo e momentos de repouso, relaxamento e lazer.
Atividades como meditação, sono adequado, alimentação anti-inflamatória e pausas mentais ao longo do dia são formas eficazes de preservar a saúde neurológica.
Fontes confiáveis e validação científica
- Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int/pt
- Alzheimer’s Association: https://www.alz.org
- PubMed – Excitotoxicity and Neurodegeneration: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov
- Sociedade Brasileira de Neurologia: https://www.abneuro.org.br
Essas fontes reforçam que tanto o excesso quanto a falta de estímulo podem ser prejudiciais, e que a modulação do estresse emocional é uma das principais estratégias preventivas para doenças neurodegenerativas.
Cuidar da mente não é só pensar mais, é pensar melhor
Para o Dr. Alexandre Duarte, manter o cérebro saudável é muito mais do que mantê-lo “ocupado”. É sobre oferecer condições para que ele funcione com eficiência, sem sobrecargas desnecessárias. Estímulo demais, preocupação crônica e ausência de descanso são, juntos, um terreno fértil para o esgotamento neurológico.
A verdadeira prevenção está no equilíbrio: usar a mente com consciência, descansar com qualidade e viver com menos cobrança interna. Seu cérebro agradece.