Uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) está agitando o universo jurídico e tributário brasileiro. O tribunal aprovou a cobrança de Imposto de Renda (IR) sobre a doação de imóveis com valorização de mercado, quando feita como antecipação de herança. A medida provocou um verdadeiro terremoto entre advogados tributaristas e contribuintes, reacendendo o debate sobre o que realmente pode ser considerado “renda” no Brasil.
A decisão unifica o entendimento sobre o tema e pode impactar diretamente quem planeja antecipar bens a herdeiros, especialmente imóveis que se valorizaram ao longo dos anos. O foco agora está nas implicações dessa nova interpretação.
Doação é renda? Entenda o ponto central da discussão
O cerne da polêmica está na definição de renda para fins de tributação. Para muitos especialistas, doar um imóvel significa simplesmente reduzir o patrimônio de quem doa, e não gerar renda para quem recebe. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), no entanto, discorda.
Segundo a PGFN, a valorização do imóvel configura um ganho patrimonial real. Assim, quando o bem é transferido, o valor de mercado atualizado representaria, sim, um acréscimo econômico passível de tributação — mesmo que o beneficiário não tenha vendido nada ainda.
O que muda com a decisão do STF?
A decisão do STF unifica a jurisprudência sobre o tema, pondo fim a decisões contraditórias que circulavam entre as turmas do tribunal. Agora, fica autorizado que a Receita Federal cobre IR sobre o ganho de capital implícito em doações de imóveis valorizados.
Para os tributaristas, a mudança exige novas estratégias de atuação e reavaliações de planejamentos sucessórios. Já para os contribuintes, acende o alerta: antecipar herança pode sair caro.
Além disso, a decisão pode abrir caminho para a expansão do conceito de renda tributável, afetando futuras interpretações em outros tipos de transferências patrimoniais.

Por que a valorização do imóvel é decisiva?
O ponto-chave da cobrança está no valor de mercado atual do imóvel. Se um imóvel foi adquirido há muitos anos e se valorizou significativamente, o novo entendimento considera que essa valorização representa um ganho real para quem recebe o bem — mesmo que ele ainda não o tenha vendido.
Isso significa que um herdeiro pode ser obrigado a pagar imposto sobre algo que ainda não gerou nenhum retorno financeiro direto, o que muitos juristas consideram um contrassenso legal e ético.
Como se proteger da nova interpretação?
Diante desse novo cenário, especialistas recomendam cautela e planejamento sucessório detalhado, com apoio jurídico especializado. Algumas estratégias podem mitigar os impactos da tributação:
- Avaliar o momento ideal para a doação
- Considerar o valor de aquisição original do imóvel
- Simular a possível incidência de IR
- Explorar outras formas de planejamento patrimonial
A decisão do STF marca um divisor de águas na tributação de heranças e doações no Brasil. Para quem pretende transferir bens, especialmente imóveis, entender as novas regras é essencial para evitar prejuízos financeiros e surpresas no futuro.