Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo nos casos de cobranças indevidas em cartões de crédito no Brasil. Esse fenômeno, que inicialmente parecia ser esporádico, tornou-se uma preocupação crescente para muitos consumidores. A prática de incluir serviços não contratados, como seguros, nas faturas de cartão de crédito, tem gerado um alerta para a necessidade de atenção redobrada ao analisar cada lançamento.
Dados da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) revelam que as reclamações sobre cobranças indevidas em cartões de crédito aumentaram 73% em dois anos, passando de 20,2 mil queixas em 2022 para 35,1 mil em 2024. Esse crescimento é alarmante, considerando que muitos consumidores não identificam ou não reportam essas cobranças, especialmente quando os valores são baixos.
Como identificar e lidar com cobranças indevidas?
Identificar cobranças indevidas pode ser desafiador, mas é essencial para proteger os direitos do consumidor. A legislação brasileira assegura que, em caso de cobrança indevida, o consumidor tem direito à restituição em dobro do valor pago. Portanto, é crucial verificar cada detalhe da fatura e dos contratos antes de aceitar qualquer oferta de cartão de crédito.

Ao identificar uma cobrança indevida, o consumidor deve solicitar o cancelamento do serviço não contratado e a devolução dos valores pagos. Caso a empresa não resolva o problema, é recomendável recorrer aos órgãos de defesa do consumidor. Se essas medidas não forem eficazes, pode-se considerar a abertura de uma ação judicial para garantir a restituição dos valores.
Por que as cobranças indevidas são tão comuns?
A prática de incluir serviços não solicitados em contratos de cartão de crédito, muitas vezes, configura “venda casada”, que é proibida pelo Código de Defesa do Consumidor. Especialistas apontam que essa prática pode ser incentivada por metas de vendas agressivas, que pressionam os funcionários a incluir serviços adicionais sem o consentimento do cliente.
Casos como o de Luciano Aguilar, que recebeu cobranças indevidas mesmo sem utilizar o cartão, ilustram a recorrência desse problema. Ele só conseguiu resolver a situação após registrar uma reclamação no Procon, destacando a importância de utilizar os canais de defesa do consumidor.
O papel das empresas e das autoridades
Empresas como o Magazine Luiza e o Itaú afirmam seguir rigorosamente o Código de Defesa do Consumidor e adotar medidas para evitar a venda de serviços sem autorização. No entanto, a repetição de casos sugere que ainda há espaço para melhorias nos processos de venda e atendimento ao cliente.
O Ministério Público tem atuado em casos de cobranças indevidas, como a ação civil pública contra o Itaú, que ainda aguarda resolução. Essas ações são fundamentais para garantir que as empresas respeitem os direitos dos consumidores e para coibir práticas abusivas no mercado.
Em suma, o aumento das cobranças indevidas em cartões de crédito destaca a necessidade de vigilância constante por parte dos consumidores e de ações efetivas por parte das empresas e das autoridades para proteger os direitos dos cidadãos.