No cenário atual, onde a tecnologia avança em ritmo acelerado, os adolescentes enfrentam novos desafios ao navegar pelas complexas interações no ambiente digital. Apesar de passarem grande parte do tempo conectados nas redes sociais, eles começam a desconfiar do conteúdo online que consomem. Com a ascensão da inteligência artificial (IA), essa desconfiança se acentua devido à dificuldade em distinguir entre o que é real e o que é manipulado.
Um estudo recente realizado pela Common Sense Media, envolvendo adolescentes entre 13 e 18 anos, revelou insights significativos sobre essa questão. São evidências da preocupação dos jovens em relação à autenticidade do conteúdo que encontram na internet e à crescente complexidade em diferenciar informações verdadeiras de fabricadas.
Como a confiança dos adolescentes está sendo abalada?
O estudo intitulado “Adolescentes, confiança e tecnologia na era da IA” expôs que 41% dos adolescentes estão conscientes de que já encontraram imagens ou vídeos reais, porém enganosos. Além disso, mais de um terço relatou ter sido enganado por conteúdo falso. Um fator alarmante é que 28% dos jovens relataram não conseguir distinguir entre interações humanas e chatbots em ambientes virtuais.
Esses achados evidenciam as dificuldades crescentes para os adolescentes avaliarem a autenticidade do conteúdo digital. A incapacidade de discernir conteúdo verdadeiro do falso pode ter repercussões amplas, levando à desconfiança generalizada em plataformas online.
Por que a desconfiança em empresas de tecnologia cresce entre os jovens?
Não é só o conteúdo que preocupa os adolescentes, mas também as empresas por trás das plataformas. A pesquisa revelou que 64% dos jovens não confiam que as empresas de tecnologia priorizem seu bem-estar. Além disso, 62% duvidam que essas corporações coloquem a segurança do usuário acima dos lucros.
A falta de confiança se estende a questões éticas, com 53% dos adolescentes expressando baixo nível de confiança nas empresas para tomar decisões responsáveis e justas. Este ceticismo se reflete na preocupação sobre o uso da IA nas plataformas, onde 47% dos jovens não acreditam que as empresas façam uso responsável da tecnologia.
Como a IA generativa está impactando a educação dos adolescentes?
A IA generativa, em particular, representa tanto uma ferramenta quanto um desafio no ambiente escolar. O estudo apontou que 39% dos adolescentes que utilizaram IA para atividades escolares identificaram imprecisões nos resultados. Esta situação impulsiona o desejo de 73% dos jovens de que o conteúdo gerado por IA seja claramente rotulado.
Esse desejo por transparência na tecnologia sublinha a necessidade de uma abordagem mais clara e ética no desenvolvimento e aplicação de sistemas de IA, especialmente quando afetam diretamente a educação e a formação dos jovens.

Como reforçar a confiança na era digital?
A reconstrução da confiança dos adolescentes em relação às empresas de tecnologia requer ações concretas. Especialistas sugerem a implementação de salvaguardas de privacidade e medidas de transparência como passos essenciais. Além disso, é importante dar voz aos adolescentes no desenvolvimento dos espaços digitais onde interagem, garantindo que suas necessidades e preocupações sejam consideradas.
Esse cenário exige uma colaboração ampla entre formuladores de políticas, educadores, pais e os próprios jovens. A responsabilidade conjunta pode exercer uma pressão contínua para que as empresas de tecnologia criem um ambiente digital mais seguro e confiável para a juventude contemporânea.
Entre as medidas propostas, destacam-se:
- Implementação de medidas de segurança robustas, como criptografia de dados e ferramentas de proteção contra fraudes e manipulação de conteúdo.
- Aumento da transparência em sistemas de IA, com a criação de mecanismos que expliquem como os algoritmos funcionam e como as decisões são tomadas.
- Incluir as vozes dos adolescentes na formação de espaços digitais, promovendo a participação ativa dos jovens no design e na avaliação de plataformas e tecnologias que impactam suas vidas.
Essas ações, aliadas a uma abordagem ética e responsável por parte das empresas, podem ajudar a reconstruir a confiança dos adolescentes e garantir que o ambiente digital seja um espaço seguro, inclusivo e transparente para as gerações futuras.