profissionalização

Quando a teoria funciona na prática

Cursos técnicos aproximam estudantes do ensino médio do mercado de trabalho

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Os cursos técnicos capacitam os estudantes para desenvolver habilidades específicas e diretamente aplicáveis em um setor profissional. Inaugurado em 2010, em Recife (PE), o Grau Técnico nasceu com o propósito de democratizar o acesso ao ensino técnico de qualidade no Brasil.


Com 20 unidades em Minas, oito delas na Grande BH e mais 140 pelo país, são cerca de 180 mil alunos matriculados, entre 18 e 30 anos, e mais de 150 mil profissionais formados. Atualmente, oferece mais de 30 cursos técnicos em áreas como saúde, indústria, negócios e tecnologia, com duração média de dois anos.


Segundo a diretora do Grau Técnico unidade BH-Centro, Joana Ricci, o objetivo é oferecer uma formação moderna, conectada às necessidades do mercado de trabalho. Entre os cursos mais procurados, estão enfermagem, radiologia, administração, estética e eletrotécnica, além da crescente procura por tecnologia.


A busca, segundo ela, é por manter uma atualização permanente e qualidade nas relações interpessoais, bem como estabelecer parcerias com a comunidade em ações, projetos e eventos. “A inovação tecnológica é um dos nossos principais aliados na prestação de serviços de educação, e estamos sempre estimulando e promovendo o desenvolvimento das potencialidades de nossos alunos. Além disso, agimos de forma inclusiva, respeitando a diversidade ideológica e sociocultural.”


Ao mesmo tempo em que se prepara para prestar vestibular para psicologia, Emilly Liberato, de 18 anos, vai concluir o curso técnico em estética pelo Grau Técnico, em 2026. No 3º ano do ensino médio regular, ela estuda todos os dias de manhã, e três vezes por semana vai à escola técnica à tarde. O curso tem duração de cinco anos e a intenção é que ela possa trabalhar com estética ao mesmo tempo em que segue com a graduação.


Emilly prefere a área da estética corporal. E é atraída pela possibilidade de trabalhar como autônoma, sem comprometimento com horários rígidos. “Sempre gostei de cuidar do outro. Escolhi o curso técnico porque queria algo em que já pudesse estar mais próxima das pessoas. A estética vai além do visual. Cuida da autoestima e promove bem-estar”, diz Emilly, que está adorando as aulas no Grau Técnico. “Vai além do próprio curso. Fazemos visitas pedagógicas em clínicas e networking.”


A metodologia combina aulas teóricas, práticas em laboratórios e experiências de campo. Plataformas digitais e ferramentas de aprendizagem online complementam as aulas presenciais. “Essa integração entre teoria e prática garante que o aluno aprenda fazendo, desenvolvendo competências técnicas e socioemocionais exigidas pelo mercado”, complementa Joana.

Os currículos são elaborados por especialistas em educação técnica e constantemente atualizados em parceria com empresas, conselhos de classe e profissionais de cada área, alinhando o conteúdo programático às demandas do mercado. Para as empresas, aponta Joana, o técnico representa mão de obra qualificada, com conhecimento atualizado e pronto para contribuir nos processos produtivos. “Já para a sociedade, é uma forma de democratizar o acesso à educação profissional, promovendo inclusão, geração de renda e desenvolvimento econômico.”


O impacto dessa formação é evidente. “Alunos que conquistam seu primeiro emprego, profissionais que conseguem se recolocar em novas áreas e empresas que encontram, em nossos egressos, a solução para demandas de qualificação”, destaca.


As tendências apontam para a expansão de cursos em áreas emergentes, como energias renováveis, tecnologia da informação, inteligência artificial, estética avançada e logística. Além disso, conforme Joana, as parcerias com empresas serão cada vez mais estratégicas, ampliando programas de estágio, empregabilidade e desenvolvimento de projetos conjuntos.


“Também vemos a digitalização da educação técnica como inovação permanente, com o uso de plataformas híbridas e recursos de realidade aumentada e virtual para potencializar o aprendizado.”


Em outubro, cinco unidades do Grau Técnico farão uma feira de empregos gratuita, aberta à comunidade. Quem está à procura de emprego pode ir até uma das unidades no dia do evento e conversar com as empresas parceiras, que estarão divulgando diversas vagas.


Estrutura


A Escola Profissionalizante Santo Agostinho (EPSA), integrante da Rede Lius Agostinianos, é uma unidade socioeducacional mantida pelos Freis Agostinianos. Fundada há mais de 25 anos, tem foco em educação profissionalizante, técnica e de ensino médio.


Para a formação de jovens e adultos, a instituição oferece cursos de inclusão produtiva – formação socioprofissional, cursos técnicos e ensino médio, gratuitos. Além das aulas, os alunos recebem material didático, uniforme, lanche e equipamentos de proteção individual (EPIs) para atividades em laboratório.


Em 2024, a EPSA beneficiou 220 bolsistas em cursos de formação socioprofissional e certificou 149 novos profissionais em cursos técnicos. A escola conta com infraestrutura de 3.460 metros quadrados (m²), distribuída em um prédio de quatro andares no Bairro Brasil Industrial, no Barreiro, em Belo Horizonte.


“Nossa estrutura inclui laboratórios de usinagem mecânica, manutenção automotiva, robótica, eletricidade, hidráulica, pneumática e informática, além de biblioteca informatizada, quadra esportiva e espaços de convivência, além de corpo docente qualificado e metodologia dinâmica, que conecta teoria e prática para preparar nossos alunos para os desafios do mercado de trabalho”, diz a diretora das unidades socioeducacionais da Rede Lius Agostinianos, Cleidy Nicodemos.


O ensino médio regular da EPSA é voltado para adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social que, mais que se preparar para o ensino superior, buscam adquirir um diferencial competitivo para conquistar vagas em universidades públicas do país.“Nossos cursos permitem que os alunos explorem diferentes áreas de atuação antes de ingressarem em uma graduação, ampliando oportunidades e perspectivas profissionais.”


A escola conta com cursos técnicos como administração e informática, além de cursos profissionalizantes, como informática básica, automação residencial básica e marketing digital. A seleção é realizada a partir de análise do perfil socioeconômico e da condição de vulnerabilidade social, por meio das informações declaradas na inscrição e documentos apresentados para aferir essa condição.


A partir do programa Carreiras, a escola também apoia os alunos na elaboração de currículos, dá orientações para processos seletivos e para o desenvolvimento de habilidades importantes para o mercado atual. O programa mantém parcerias com mais de 150 empresas e divulga anualmente mais de 200 vagas de emprego e estágio.


Empreendedorismo


Fundada em 1994, a Escola do Sebrae segue uma metodologia austríaca, adaptada à realidade brasileira, aliando o ensino médio ao curso técnico em administração ou técnico em marketing. Visa desenvolver nos estudantes atitudes empreendedoras, habilidades de gestão, soluções de problemas e fortalecimento de características como autonomia, proatividade e consciência social. Em seu modelo privado, que une ensino médio e curso técnico em administração, e no modelo social voltado a jovens da rede pública, com o Núcleo de Empreendedorismo Juvenil (NEJ), a escola já formou mais de 15 mil jovens e ultrapassou as barreiras do estado.


Iniciado em 2010, além da capital mineira, o NEJ tem 13 unidades em Minas, além de Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Natal (RN) e Toledo (PR). “ O trabalho realizado em sala de aula deve ser centrado no estudante, que deverá ser o sujeito ativo no seu processo de desenvolvimento”, diz a gerente de educação empreendedora do Sebrae Minas, Fabiana Pinho.


Para que o aprendizado ocorra, ela lembra a necessidade de estimular e orientar o estudante para o desenvolvimento do raciocínio lógico e analítico, do senso crítico, da observação criteriosa, da curiosidade científica e do empreendedorismo.


No Sebrae, o conteúdo programático e os currículos dos cursos técnicos seguem as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos e partem da escuta ao mercado, com a realização de pesquisas com empresas, entidades setoriais e órgãos públicos para entender tendências e demandas de qualificação.


Os cursos são flexíveis, com módulos adaptáveis que permitem atualização constante de acordo com novas tecnologias ou práticas contemporâneas e emergentes, e se aproximam do setor produtivo para validar conteúdos e oferecer estágios. “Eles impactam diretamente setores estratégicos, pois formam talentos para diversas áreas, promovendo o desenvolvimento econômico e a inovação em larga escala, além de diversificar a economia e gerar empregos."

Mercado internacional

Com mais de 1,7 mil alunos, entre 14 e 60 anos, e quase 70 professores de diversas áreas, o Cotemig nasceu há quase 55 anos do desejo de oferecer ao mercado profissionais de qualidade, como diz o coordenador técnico Samuel Cavalcante.


No colégio, o Cotemig atende todas as áreas exigidas pelo Ministério da Educação (MEC) na formação geral básica e na formação técnica. Na faculdade, além da formação acadêmica, os professores também têm ampla experiência de mercado.


“Começamos com o curso de técnico em eletrônica, na época para atender a demanda da indústria automobilística da região. A expansão ocorreu com a inauguração da unidade Floresta, em 1986 e, em 1999, a criação da Faculdade Cotemi”", conta. O Cotemig atualmente é uma escola de referência Google, além de ter certificações, parcerias e premiações de big techs como AWS (Amazon), Cisco e Microsoft.


No ensino médio, oferta o Itinerário Formativo Ensino Técnico em Tecnologia e, na faculdade, são outros dois cursos: análise e desenvolvimento de sistemas, e ciência da computação. Com um computador por aluno, os estudantes têm atividades práticas em 75% do tempo.


O conteúdo dos cursos técnicos responde às tendências e práticas observadas nos mercados nacional e internacional. “Prova disso é a participação em eventos em tecnologia e investimentos em treinamentos para evolução constante da coordenação pedagógica e técnica, além corpo docente e discente. Em agosto, por exemplo, o Cotemig teve a maior delegação de profissionais e estudantes no maior evento de tecnologia da América Latina, o HackTown”, acrescenta.

 TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO TÉCNICA

Fonte: Fabiana Pinho, gerente de educação empreendedora do Sebrae Minas


Novas áreas de estudo

Inteligência artificial, sustentabilidade, economia criativa, energias renováveis, biotecnologia e saúde digital.

Educação híbrida


Combinação de ensino presencial e remoto, potencializada por plataformas inteligentes.


Parcerias estratégicas


Colaboração mais intensa e intencional com empresas para estágios, programas de trainee e cursos customizados.


Certificações rápidas (microcredenciais)


Formações curtas, focadas em competências específicas.

Internacionalização

Troca de experiências e padrões de qualificação com instituições estrangeiras.

Foco em soft skills


Além da técnica, valorização de competências socioemocionais como comunicação, trabalho em equipe e adaptabilidade.

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