Startup antecipa recebíveis para quem atua na economia criativa
A mineira Dux mira gargalo da economia criativa e cria solução que antecipa pagamentos para empresas e autônomos
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Anne Morais
Especial para o Estado de Minas
Apesar de representar 3,59% do PIB brasileiro, segundo dados do Mapeamento da Indústria Criativa 2025 da FIRJAN, o setor da economia criativa, que envolve produtoras, agências, artistas, estúdios e criadores digitais, enfrenta um entrave estrutural que compromete sua sustentabilidade: a liquidez, ou seja, a falta do dinheiro em mãos para gerenciar o próprio negócio. É que em boa parte do mercado, é comum que empresas e autônomos prestadores de serviço esperarem até 120 dias para receber por suas entregas.
Luiz Octavio Neto, CEO da Dux, fintech (startup da área financeira), explica que nesse intervalo, profissionais e empresas precisam operar sem capital de giro, recorrendo a empréstimos pessoais, renegociações ou mesmo sendo obrigados a pausar a produção. “Liquidez é o oxigênio da economia. Sem fluxo de caixa, não há entrega, nem inovação. No setor criativo, os prazos de pagamento já são historicamente longos e ainda há o risco constante de atrasos. Quando um cliente não paga em dia, a produtora não consegue repassar ao editor, por exemplo, que atrasa os profissionais, e o ciclo se perpetua. Basta um elo falhar para que toda a engrenagem cultural pare”, afirma o executivo.
Foi diante desse cenário de baixa previsibilidade financeira e da ausência de produtos bancários alinhados à lógica da economia criativa que surgiu a atuação da DUX. Fundada em 2022, a fintech mineira desenvolveu uma plataforma de antecipação de recebíveis voltada exclusivamente para criadores, produtoras, agências e estúdios, oferecendo liquidez imediata, análise de crédito orientada por dados e operações com inadimplência inferior a 0,1%. O tempo médio de aprovação de contratos caiu para 57 minutos.
Em um ano de operação (agosto de 2024 a agosto de 2025), a Dux antecipou R$ 33 milhões, sendo R$ 9,1 milhões somente em agosto. A expectativa é chegar a R$ 100 milhões até dezembro de 2025. Com mais de 10 mil criadores conectados e 90 parceiros ativos, a empresa busca responder a um problema estrutural que afeta a engrenagem criativa como um todo.
“Não se trata apenas de antecipar pagamentos, mas de redesenhar a relação entre dinheiro e criatividade. O problema da liquidez na economia criativa é estrutural. Muitos profissionais trabalham com contratos verbais, sem garantias e, sem dados oficiais, fica ainda mais difícil desenhar soluções em escala. Para que o setor avance, o fluxo financeiro precisa acompanhar o ritmo da entrega. Por isso se torna essencial soluções financeiras que apoiem os profissionais do setor e diminuam o impacto da liquidez”, finaliza Luiz Octavio.