Governo recorre à IA para fechar conta dos repasses das apostas ao esporte
Sistema depende de dados enviados pelas bets e sofre com falta de padronização
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Bilhões de reais destinados ao esporte por meio das apostas esportivas no Brasil são calculados atualmente a partir de dados fornecidos pelas próprias bets, ainda sem padronização e com fiscalização restrita. Esses recursos são oriundos de destinação obrigatória, prevista na legislação que regula o setor.
O problema está no cálculo. A identificação das apostas feitas em diferentes competições, base para definir quanto cada entidade deve receber, depende de relatórios enviados pelas operadoras, que chegam com nomenclaturas distintas e formatos variados. A ausência de um padrão dificulta a automatização dos cálculos e amplia o risco de distorções nos valores distribuídos.
Para conseguir fechar essa conta, o Escritório Nacional de Distribuição de Recursos (ENDR), criado pelo Ministério da Fazenda para centralizar os repasses legais, passou a usar ferramentas de inteligência artificial para detectar falhas e inconsistências nas informações recebidas. No primeiro semestre do ano, o ENDR processou mais de 2 bilhões de registros de apostas.
O modelo concentra em um único repasse mensal os valores devidos pelas operadoras, que depois são distribuídos a federações, confederações e outras entidades esportivas.
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A partir desse repasse consolidado, o ENDR calcula quanto cabe a cada beneficiário com base nas apostas realizadas em suas competições, conforme os critérios definidos em lei. A centralização simplifica o fluxo de pagamentos, mas torna a distribuição dos recursos dependente da qualidade e da padronização dos dados enviados pelas próprias bets, apontam fontes do setor.