RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O diretor-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Evandro Gussi, disse nesta quinta-feira (13) lamentar a possibilidade de aumento da tarifa sobre as importações de etanol dos Estados Unidos. Segundo ele, o setor vem conversando com o governo brasileiro sobre o tema.

O presidente americano Donald Trump assinou uma ordem de implementação de tarifas recíprocas, mirando países que, segundo o governo americano, praticam impostos sobre produtos dos EUA. O etanol brasileiro foi citado como exemplo.

"Eu lamento essa postura do presidente [Trump], na medida que ele coloca como alvos de reciprocidade dois produtos que são absolutamente diferentes", afirmou Gussi – o etanol brasileiro é feito de cana, e o americano, de milho.

"A razão pela qual os Estados Unidos importam etanol do Brasil é porque o etanol brasileiro tem um nível de sustentabilidade, um nível de redução de emissões de gases do efeito estufa muito maior do que os Estados Unidos."

Dados da Unica apontam que o mercado americano foi o destino de 27% das exportações brasileiras de etanol em 2024, perdendo apenas da Coreia do Sul, com cerca de um terço do total.



O decreto americano que fala sobre aumento de tarifas diz que os EUA cobram apenas 2,5%, enquanto o Brasil cobra 18% de tarifa em suas importações do produto. "Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil", analisa.

Gussi diz que estados como a Califórnia e empresas comprometidas com redução das emissões compram o produto do Brasil para cumprir suas metas de descarbonização. "Esse eventual aumento da tarifa vai significar, justamente, um incremento, uma dificuldade a mais nesse processo."

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Ele ressalta que é preciso esperar pela concretização do aumento de tarifas, mas, enquanto isso, o setor vem conversando com o governo brasileiro, "que é absolutamente sensível aos atributos ambientais do etanol", diz.

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