Dos 18 cortes usados pelo instituto para calcular o IPCA-15, 17 apresentaram queda nos preços. A única alta foi a da carne de carneiro
 -  (crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press – 10/10/22)

Dos 18 cortes usados pelo instituto para calcular o IPCA-15, 17 apresentaram queda nos preços. A única alta foi a da carne de carneiro

crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press – 10/10/22

Os preços das carnes no Brasil registraram queda de 9,26% no acumulado até dezembro de 2023 no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). É a maior deflação (baixa) para um ano fechado desde o início da série histórica do indicador, em 2000. O resultado foi divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O alívio dos preços das carnes em 2023 devolve uma parte da disparada registrada nos últimos anos nos açougues e supermercados. Conforme o IPCA-15, o item havia acumulado altas de 25,69% em 2019, de 22,9% em 2020, de 9,98% em 2021 e de 2,45% em 2022.
Ao longo de 2023, analistas associaram a redução dos preços principalmente ao aumento da oferta de carnes no Brasil. Com mais produtos no mercado, em razão do chamado ciclo da pecuária, os valores cobrados tendem a apresentar trégua. A baixa de parte dos custos produtivos, após o aumento com a pandemia e a Guerra da Ucrânia, também teria contribuído para a situação.

No IPCA-15, a variação dos preços das carnes é calculada a partir de 18 cortes – a maioria de gado. No acumulado de 2023, 17 apresentaram queda. A maior redução foi a do fígado (-18,29%). Peito (-13,75%), pá (-13,37%), costela (-12,41%) e filé-mignon (-12,13%) vieram na sequência. A única alta foi a da carne de carneiro (0,78%).

 

NA BALANÇA
Preço das carnes no Brasil, segundo o IPCA-15, do IBGE

2019.......+25,69%
2020.......+22,9%
202.........+19,98%
2022.......+2,45%
2023.......-9,26%

 

Churrasco mais barato

Apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usaram a redução dos preços de alimentos como as carnes como forma de propaganda do governo em 2023. Com as eleições do ano passado, esse tipo de consumo virou tema de disputa política no país. Candidato à época, Lula chegou a dizer que o brasileiro deveria voltar a fazer churrasco e comer picanha.
O corte costuma ser um dos mais caros nos supermercados. Em 2023, a picanha acumulou baixa de 9,49% no IPCA-15. No recorte mensal, as carnes registraram alta de 0,65% em dezembro, conforme o índice do IBGE. Trata-se do segundo avanço consecutivo nessa base de comparação, após elevação de 1,42% em novembro.

 

Cerveja mais cara

Tradicional “acompanhamento” nos churrascos dos brasileiros, a cerveja ficou mais cara em 2023. A bebida para consumo em casa acumulou alta de 6,49% no IPCA-15 até dezembro. O aumento, contudo, foi menos intenso do que em 2022 (9,17%).
Outra pesquisa, divulgada pelo Procon-SP em convênio com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apontou que o quilo da carne de primeira custou R$ 37,37, em média, para o consumidor paulistano em novembro de 2023.
O valor ficou 15,6% abaixo de igual mês de 2022 (R$ 44,28). Porém, ainda estava distante do patamar de novembro de 2018 (R$ 24,09), período anterior à disparada no Brasil. Já o quilo da carne de segunda custou R$ 28,72, também em média, para o consumidor paulistano em novembro de 2023, de acordo com a pesquisa do Procon-SP. O preço ficou 10,1% abaixo de igual mês de 2022 (R$ 31,95). O valor médio era de R$ 18,34 em novembro de 2018.