
Energias limpas geram preocupação e atenção em todo o mundo
Dois eventos simultâneos, realizados neste mês de novembro, mostraram o quanto as alterações climáticas e as chamadas energias limpas geram preocupação e atenção em todo o mundo. Em Baku, no Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro ocorreu a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2024, a COP29. Ao mesmo tempo, nos dias 13 a 15 realizou-se, em Lisboa, a Conferência Íbero-Brasileira de Energia, o CONIBEN2024.
Em relação ao Brasil, sua potencialidade na geração de energia renovável, as chamadas energias limpas, foi destaque em ambos os eventos, que reuniram os mais respeitados especialistas e os executivos das maiores empresas de energia do mundo. Atualmente, 89% da matriz energética brasileira é limpa, enquanto 80% da matriz energética mundial ainda vem do petróleo, óleo e carvão, como ressaltou o deputado federal Danilo Forte(União Brasil), em palestra no CONIBEN.
Estados como o Piauí, por exemplo, atualmente produzem muito mais energia do que consomem. Segundo o governador piauiense Rafael Fonteles, o estado produz seis gigawatt de energia e consome um GW. Em nível nacional, o Brasil possui 90 milhões de unidades consumidoras residenciais e 200 mil estabelecimentos comerciais e industriais que podem vir a ser abastecidos com energia limpa e mais barata.
O presidente da CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Alexandre Ramos, destacou, para tanto, também no CONIBEN, a importância da nova Plataforma Brasileira de Certificação de Energias Renováveis. Já quanto à frota veicular do país, o Diretor da ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Fernando Moura, ressaltou que, em 1983, em cada 10 veículos, 9 eram movidos por etanol, em decorrência da crise do petróleo.
Hoje, cada litro de gasolina tem 27% de etanol e o projeto é aumentar a participação para 35%, enquanto no diesel são 14% de etanol e com cronograma já aprovado para elevar a 20% até 2030. Isto mostra que o Brasil, dadas às suas potencialidades, é dos países que mais está em consonância com as conclusões da COP29, onde a definição da necessidade de se buscar, com rigor, o fim da dependência dos combustíveis fósseis, com vistas a limitar as alterações climáticas a um aumento de 1,5°C, foi a principal conclusão da Conferência da ONU. No entanto, por mais que o país esteja cumprindo o seu papel como um dos principais geradores de energia limpa do planeta, esbarra na falta de infraestrutura adequada e suficiente para a transmissão e escoamento da energia gerada.
Especialistas são uníssonos em sugerir que, se os países ricos desejam que o Brasil conserve suas florestas naturais como “pulmão do mundo”, enquanto, historicamente, são os maiores geradores de gases que agravam o efeito estufa, decorrentes da matriz energética ainda majoritariamente proveniente de combustíveis fósseis, nossos diplomatas deveriam inserir como pauta obrigatória, em qualquer conferência ou discussão, que os países desenvolvidos arquem com investimentos realmente à altura da conservação que tentam nos impor, de forma que o Brasil possa, com isto, não só conservar suas florestas, mas aprimorar a infraestrutura de escoamento da energia limpa que produz. E quanto a isto a COP29 foi um fiasco, atraindo todo tipo de queixa de países em desenvolvimento.