Como parte do projeto Arte nas Águas de Minas, a exposição “D’água” será aberta nesta quarta-feira (8/10) no Palácio das Artes e fica em cartaz até 30 de novembro. Obras em diferentes formatos dos 36 artistas que integram a mostra ocupam as galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima, como forma de valorização da arte urbana e celebração da força e presença da água.

Desde outubro de 2024, o Arte nas Águas de Minas percorre cidades de Minas Gerais pintando cenários e murais de diferentes formatos. A proposta é provocar reflexões sobre a relação da sociedade com a água. O projeto une arte urbana, grafite e muralismo a temas como sustentabilidade e preservação ambiental.

Com curadoria de Juliana Flores, as ações do projeto já aconteceram em Contagem, Araxá, Pouso Alegre, Montes Claros, Divinópolis, Coronel Fabriciano, Alfenas e Brasília de Minas, e contou com artistas de diversas regiões do país, selecionados por edital ou convidados pela curadoria.


“É um projeto muito grande que tenta também descentralizar as noções de arte dentro de Minas Gerais, da concentração em Belo Horizonte, e dar essa expansão”, afirma Flaviana Lasan, curadora da exposição “D’água”.

A mostra marca o encerramento de um ciclo do projeto e propõe leitura artística e poética da força vital da água. A curadoria da exposição, assinada também por Marcel Diogo, quer reforçar e destacar a diversidade da arte urbana brasileira em diálogo com o tema central.


Grafite

“Tivemos um grande desafio nessa exposição porque reunimos 36 artistas em duas galerias no Palácio das Artes. Em vez de expormos reproduções das obras que foram pintadas em murais, pensando também na expansão da arte urbana como linguagem, fomos de encontro ao portfólio desses artistas e entendemos, dentro da linguagem deles, o que poderíamos discutir em relação à água e à arte urbana”, explica Flaviana.

A mostra é dividida em quatro núcleos centrais: “Sopa de letras”, “Crews”, “Lambes” e “Bandeiras”. O “Sopa de letras” é uma celebração à tradição do grafite tipográfico, transformando letras em campos abstratos e desafiando limites entre palavra e imagem. Segundo Flaviana, muitos artistas do projeto utilizam da linguagem do grafite, o que motivou a escolha e curadoria do núcleo.


Já “Crews” representa e homenageia o espírito coletivo das equipes de grafiteiros, que se unem para criar obras colaborativas, reforçando a arte como um movimento comunitário. De acordo com Flaviana, “Crews” é o nome dado ao grupo de artistas urbanos e grafiteiros que se unem para formar uma família. “Então, a gente cria esse núcleo com alguns deles, dando vida aos personagens que eles produzem e montando uma família ali dentro da galeria.”


Territorialismo

O núcleo “Lambes” é uma referência ao lambe-lambe, obras feitas em papel e, na maioria das vezes, coladas em muros e vias urbanas. “Em Belo Horizonte se celebra muito os lambes. Selecionamos alguns artistas para representarem em forma de lambes essa fauna e flora, que une essas regiões aquíferas”, conta a curadora.

No “Bandeiras”, as obras retratam diferentes visões do territorialismo, o transformando em manifestação artística. “Entendemos a bandeira como uma determinação territorial. Usamos essa linguagem também para falar sobre certos limites, pensando no território, pensando nas fronteiras”, detalha Flaviana.


A curadora continua: “A água e a arte urbana se encontram por ocuparem espaços. Ambas invadem, transbordam e estão em todos os territórios. A água está em 75% do nosso corpo. Ela e a arte são forças vitais, expressões que transcendem fronteiras. Quando entendemos essa relação, percebemos que ambas são formas de vida”, conclui Flaviana.


“D’ÁGUA”
Abertura da exposição coletiva nesta quarta (8/10), no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537 – Centro), nas galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima. Visitação de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e domingo, das 17h às 21h. A exposição conta com intérprete de libras, audioguias, mapa tátil e piso tátil. Até 30/11. Entrada gratuita.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

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