Yamandu Costa e António Zambujo voltam a BH nesta semana
Violonista brasileiro e cantor e compositor português dividem o palco do Sesc Palladium, neste sábado (22/3), em única apresentação
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É sem ensaio mesmo, pois nenhum dos dois tem paciência para tal. Melhor para eles, que curtem cada momento; melhor para nós, pois cada concerto é único. “Este é o grande lance do trabalho, pois é sempre novo. Não tem nada engessado, as introduções vêm na hora”, comenta Yamandu Costa sobre seu encontro no palco com António Zambujo.
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O violonista gaúcho e o cantor alentejano retornam a Belo Horizonte para novo show no Sesc Palladium, dois anos depois de terem se apresentado na capital mineira. Neste sábado (22/3), desfiam um repertório diverso, que inclui canções de Chico Buarque e Vinicius de Moraes (“Valsinha”), Tom Jobim (“Falando de amor”) e Lupicínio Rodrigues (“Nervos de aço”), bem como algum material autoral. Desta vez, trazem uma novidade na bagagem: seu segundo álbum, “Sur”, só com músicas em espanhol.
“A ideia desse duo é fazer uma trilogia”, conta Yamandu, que conheceu Zambujo pessoalmente em 2008, quando o português fazia sua estreia no Brasil. Desde então, se reuniram algumas vezes no palco. Em 2014, fizeram uma pequena turnê pelo Brasil. Em 2023, promoveram o pré-lançamento do álbum de estreia, “Prenda minha” (2024), em um número maior de cidades. Parceria de Yamandu com Paulo Cesar Pinheiro, “Prenda minha” é, inclusive, a música que abre o show.
Agora retornam com outra turnê, também com um novo disco embaixo do braço. Na verdade, “Sur”, gravado em três dias no início deste ano, ainda não chegou às plataformas digitais. Mas os músicos já editaram o álbum em CD, que estará sendo vendido nos shows. “A plateia gosta dessa história de autógrafos depois do concerto”, conta Yamandu.
O conceito de “Sur” retoma as raízes de ambos, nascidos na região Sul de seus respectivos países. No show, vão tocar três canções deste trabalho: “Resposta ao tempo”, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos (a única em português do disco), “Nube gris”, de Eduardo Márquez Talledo, e “Volver a mi raiz”, de Lúcio Yanel.
Pitada nova
“Acho que não teria sentido fazer uma turnê no Brasil só cantando em espanhol. Então este show é meio uma continuação do anterior, com alguma pitada nova”, conta Yamandu. Sobre o álbum que vai fechar a trilogia, ele conta que será o único só com canções autorais da dupla.
Yamandu comenta que o trabalho com Zambujo, em palco e em disco, é marcado pela despretensão. “Quando nos encontramos, começamos a lembrar das coisas que gostamos de ouvir. É como se fosse uma visita a um repertório que nos é comum. Ele me apresenta coisas e eu a ele. A gente se encontra no gosto e no respeito às tradições, na maneira de olhar para elas e de transmiti-las, de uma forma mais atual e contemporânea. O Zambujo, além de um grande cantor, é um grande músico. Ele usa a voz de maneira muito especial.”
Os dois se aproximaram ainda mais desde que Yamandu, há seis anos, decidiu se mudar para Lisboa, onde mantém seu estúdio. Mas continua tendo uma residência em Porto Alegre. “Na verdade, sou um nômade musical. Moro dentro do meu violão.”
Workaholic, Yamandu já gravou três discos somente em 2025. Tem outros planejados para o resto do ano. Entre os novos trabalhos estão gravações com o Trio Corrente e com o violonista francês Antoine Boyer. Voltou recentemente da Colômbia, onde gravou com o grupo Palos y Cuerdas.
Estúdio e palco são espaços totalmente diferentes, tanto por isto, complementares, diz Yamandu. “Meu grande prazer é estar envolvido no meio da música. Acho muito importante registrar a obra, inclusive porque acho que no futuro tudo estará muito misturado. Minha pretensão hoje é ter saúde para deixar uma história bonita para quem vem depois. É importante deixar a marca na música popular. O que quero também é me organizar financeiramente para não precisar ficar fazendo tanto show”, afirma.
Modelos próprios
Nome inconteste do violão de sete cordas, Yamandu vê o instrumento como a “extensão do corpo”. “É outra língua que fala, e a que mais comunica”. Dono de cerca de 40 violões, ele toca, há muitos anos, instrumentos fabricados por Vicente Carrillo, espanhol que integra a oitava geração de uma família de luthiers. A parceria entre o músico e o luthier rendeu três modelos de sete cordas.
ANTÓNIO ZAMBUJO E YAMANDU COSTA
Show neste sábado (22/3), às 21h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos: Plateia 2 – R$ 250 e R$ 125 (meia); Plateia 3 – R$ 200 e R$ 100 (meia). À venda na bilheteria e no Sympla.