família Barros, que atua em várias orquestras de Belo horizonte, será regida amanhã pelo maestro marco  antônio maia drumond (ao centro) -  (crédito: Ícaro Moreno/divulgação)

Família Barros, que atua em várias orquestras de Belo Horizonte, será regida pelo maestro Marco Antônio Maia Drumond (ao centro)

crédito: Ícaro Moreno/divulgação

A Família Barros é um caso exemplar na música. Não há imposição alguma, simplesmente todos seguem o mesmo caminho. A partir dos pais, Joaquim Inácio e Aparecida, os cinco filhos se tornaram musicistas, todos com carreira em orquestras. E os oito netos já seguem o mesmo caminho.

 

Nesta terça-feira (2/4), no Festival de Maio, a Família Barros, com 12 musicistas, realiza no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas seu primeiro concerto este ano. Será uma noite com alta dose de emoção. É a primeira apresentação desde a morte de William Barros, o caçula entre os filhos homens do casal, em junho de 2023, e da própria matriarca, em outubro.

 

O repertório vai reunir composições de Bach, Mendelssohn e Mozart. Maestro que fez história na Orquestra Sesiminas, da qual se aposentou há alguns anos, Marco Antônio Maia Drumond, que acompanha os Barros há pelo menos três décadas, vai reger algumas peças.

 

 

Para homenagear Aparecida, o grupo tocará “Quem sabe?”, de Carlos Gomes, ária que a partir do registro de Francisco Petrônio se tornou um clássico do repertório popular.

 


Já William será homenageado com “Oblivion”, de Piazzolla, que terá a participação dos filhos dele, Benjamin (clarinete) e Daniel (piano).

 

Morto aos 47 anos, duas semanas após transplante de fígado (que veio substituir o órgão, bastante debilitado, após longa internação em 2021 em decorrência da COVID-19), William era violinista, violista e clarinetista – nos últimos anos, tocava com as orquestras Sesiminas e Sinfônica de Minas Gerais.


Congonhal, o berço

 

A história dos Barros com a música tem início com Joaquim Inácio Franco, o avô paterno dos irmãos. Exímio em vários instrumentos, ele regia uma pequena banda e ensinava para meia Congonhal, no Sul de Minas. Teve 13 filhos, e todos chegaram a tocar algum instrumento. Mas somente aquele que levava seu nome, Joaquim Inácio de Barros, se profissionalizou. Fez carreira musical na Polícia Militar, primeiramente em Lavras, onde conheceu Aparecida, e depois em BH, com uma passagem ainda por Montes Claros.

 

Regente da banda da PM, ele se graduou em flauta transversal na Universidade Federal de Minas Gerais. Aparecida não se profissionalizou, mas fez licenciatura em canto e atuou como professora particular.
Naturalmente, os filhos do casal foram introduzidos na música.

 

“Era bem despretensioso, não havia obrigação. Isso veio da curiosidade que a gente tinha”, conta o violinista e violista Eliseu, o filho número dois. Com o irmão mais velho, Elias, ele começou, por volta dos 10 anos, a frequentar a Escola de Música da Fundação Clóvis Salgado. Mas era o pai quem, um pouco mais tarde, decidia qual filho tocaria qual instrumento.

 

Este processo também ocorreu com o oboísta Alexandre, William e a única mulher, a violista Gláucia. Quando estavam na pré-adolescência, todos vivendo em Montes Claros, foi criada a Família Barros, grupo que no momento inicial se dedicou à seresta.

 

“Meu pai colocava a família para tocar em eventos da polícia. Depois passamos para eventos para a comunidade”, relembra Eliseu. O grupo chegou até a abrir um show para Elba Ramalho na época.

 

De volta a BH, os cinco irmãos entraram de cabeça na música clássica. Estudaram e cada qual foi seguir carreira com orquestras diferentes. Dessa maneira, as apresentações da família passaram a ser esporádicas.

 

Já neste século, com a terceira geração, Aparecida, nos encontros em casa, começou a reativar a formação (Joaquim Inácio morreu em 2001). “A partir de 2010, voltamos a tocar em família”, conta Eliseu.

 

Orquestra quase completa

 

Hoje, os Barros têm formação de orquestra de cordas quase completa: cello, viola, violino. “Só falta o contrabaixo”, diz Eliseu. Além disso, tem pianista, clarinetista e oboísta. “Graças a Deus, todo mundo manifestou o dom para a música. Quase todos (da terceira geração) já fizeram curso superior; outros estão estudando.”

 

Como todos tocam em alguma orquestra, um concerto como o de amanhã é coisa rara. “Temos que conciliar a agenda com a das orquestras Filarmônica, Sinfônica, UFMG, Sesiminas, Ouro Preto, além de projetos sociais e mais algumas coisas. É muito difícil, por isso nunca priorizamos o grupo da família. Deixamos as coisas fluírem de forma natural”, completa Eliseu.

 

A quarta geração pode vir por aí. Violoncelista da Filarmônica, Lucas, filho de Gláucia, espera o segundo filho. Se a tradição se mantiver, os Barros poderão ter, nos próximos anos, mais dois musicistas em sua formação. 

 

FAMÍLIA BARROS


Festival de Maio. Nesta terça-feira (2/4), às 20h30, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). À venda na bilheteria e na plataforma sympla.com.br