"Sarau eFeira" foi criado em 2021 e chega a marca de vinte e uma edições neste sábado (9/3) -  (crédito: Renato Santos/Divulgação)

"Sarau eFeira" foi criado em 2021 e chega a marca de vinte e uma edições neste sábado (9/3)

crédito: Renato Santos/Divulgação

Na década de 1980, uma nova maneira de declamar poesia surgiu em Chicago, nos Estados Unidos: os slams. Intrinsecamente ligado à cultura hip-hop, o duelo de poesias orais se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil no fim da década de 2000.

 

Na batalha, corpo e voz ocupam o centro do palco, em interpretações de textos críticos, que atuam como espelhos de realidades marginalizadas. Foi destes versos de resistência que Regiane Abelha tirou inspiração para criar o Sarau eFeira: Arte e Cultura, que será realizado gratuitamente neste sábado (9/3), a partir das 12h, no Centro Cultural Lindeia Regina.

 

 “A gente tem sempre que olhar para o passado, com o pé no futuro, mas firmando no presente. O sarau tem um papel crucial na cultura hip hop, até porque rap, na sua tradução literal, é ritmo e poesia. É impossível a gente fazer rap sem fazer poesia”, afirma Abelha.

 

“Às vezes, as pessoas se perdem na construção musical, na construção do conceito e perdem muito o fundamento do que é o rap. Assim como ele é de todo mundo, o sarau também é. É aquele lugar de manifestação de arte, que também acolhe aqueles que gritam em desabafo e colocam isso em versos”, completa.

 

A 21ª edição do evento tem o tema “Março livre” e traz em sua programação shows de rap, mini cursos de formação empreendedora e o Slam e feira, competição regional de poesia falada, na qual serão selecionados dois artistas para a fase estadual e, posteriormente, para a competição nacional.

 

“Eu sempre fiz parte da cultura hip hop e da cultura de rua. Me tornei mestre de cerimônia e comecei a produzir batalhas de rap. Depois de nove anos, eu comecei a viajar o Brasil vendendo artesanato e fazendo poesia. Foi aí que eu vi a necessidade de ocupar espaços públicos”, afirma a organizadora.

 

Em temporada pelos espaços culturais da cidade, a feira busca apresentar para aqueles que não conhecem e retomar, nas periferias, a cultura do slam, incentivando jovens a colocar em palavras sua realidade.

 

 

“Vi a necessidade também de dar oportunidade para novos artistas e para aqueles que querem recomeçar. Então, o evento é uma porta de entrada para o mundo das artes”, diz Abelha.

 

O slam será dividido em três rodadas e, seguindo o costume da cultura, os vencedores serão escolhidos pelo público. Os competidores devem se inscrever na hora, diretamente com a produção do evento.

 

Aqueles interessados em mostrar seus versos, mas fora da competição, também terão espaço e poderão aproveitar do microfone aberto, disponível antes do início oficial do duelo.

 

A abertura oficial do Sarau e feira acontece com o ensaio aberto do grupo Minas e Monas, que interpreta canções inéditas. Ao mesmo tempo, acontece a oficina Empreendedorismo Social, que impulsiona o artesanato local.

 

“Fazemos estas feiras de artistas, porque queremos deixar esses espaços abertos. Queremos proporcionar um espaço de arte, cultura e empreendedorismo em suas mais variadas formas e ajudar àqueles que querem construir seu negócio a concretizá-lo”, diz a organizadora.

 

Na sequência, o Coletivo Manas, uma rede de artistas mulheres, que realiza o “Slam das Manas” em BH e Região Metropolitana, desde 2016, aquece o palco para a competição começar.

 

“O tema ‘março livre’ veio justamente com a ideia de trazer mulheres como protagonistas na cena. O Coletiva Manas é uma coletiva de sarau que já acompanhamos há um tempo e por isso as convidamos para guiar o evento”, afirma Regiane.

 

No intervalo das batalhas, o responsável por agitar o público será o ipatinguense DJ Metamorfo, que mixa faixas de dark core e atualidades. Antes da final da competição, o cantor belo-horizontino Emy Roots inicia os pockets shows da noite e leva seu funk consciente para o centro do tablado.

 

Também de Ipatinga, as cantoras e MC’s Preta Lua e D’grego encerram a programação, com faixas autorais e covers de sucessos do hip-hop e suas vertentes.

 

“Temos uma relação muito próxima com os artistas de Ipatinga. Daqui de BH trazemos o Emy Roots, que é um cantor trans. Nossa ligação com a diversidade é muito natural, trazemos artistas de diferentes regiões de Minas e que abordam o hip-hop de diferentes maneiras. As coisas se tornam naturais porque somos uma comunidade e construímos tudo juntos”, conclui Abelha.

  


“SARAU E FEIRA: ARTE E CULTURA”

Neste sábado (9/3), às 12h, no Centro Cultural Lindeia Regina (Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445- Regina). Entrada gratuita. Informações: (31) 3277-1515