André Frateschi  -  (crédito: Arquivo pessoal)

André Frateschi

crédito: Arquivo pessoal

Só o rock salva, costuma dizer o cantor e compositor André Frateschi. Foi, portanto, seguindo com devoção o legado de figuras como Cazuza, Herbert Vianna, Nando Reis e Renato Russo – Frateschi assumiu os vocais na turnê comemorativa aos 30 anos da Legião Urbana, em 2015 –, que o paulistano de 48 anos construiu sua carreira na música. 

Neste sábado (24/2), ele leva para o Jack Rock Bar o que aprendeu com os papas do rock brasileiro dos anos 1980, época do chamado Brock. Frateschi preparou um repertório que ilustra bem os ideais libertário e contestador do rock, com composições de Titãs, Barão Vermelho, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Lobão, Raimundos e, claro, Legião Urbana.

 


“São artistas que integram bandas que fazem parte da minha história e que também marcaram uma geração inteira”, afirma o cantor ao Estado de Minas. “E a gente vê – principalmente agora com turnês desses artistas, como Titãs e Barão – que eles ainda são muito relevantes, né?”, diz, em referência à turnê para a qual a formação original dos Titãs se reuniu e o giro em comemoração aos 40 anos do Barão Vermelho.

Para a apresentação deste sábado, ele reuniu os músicos Dudinha Lima (baixista que toca com Criolo e já acompanhou Lobão), Ângelo Canaã (bateria) e o ex-NX Zero Rafael Mimi (guitarra). Haverá ainda participação especial da violonista belo-horizontina Jennifer Souza.
Nascido e criado em uma época em que o Brock era o gênero mais ouvido pelos brasileiros (“Nossa Anitta era o Titãs”, diz Frateschi, em tom de brincadeira), o músico não hesita em dizer que “aprendeu a ser gente” com as canções da Plebe, Nação Zumbi, Paralamas e Titãs, Legião e Barão.

 


 

Não foram somente as elaboradas letras de Philippe Seabra, Cazuza, Herbert Vianna, Renato Russo, Lobão, Arnaldo Antunes, Nando Reis e os demais titãs que moldaram a personalidade e o caráter de Frateschi. E, sim, a poesia das canções combinada com a sonoridade e o comportamento de cada grupo.


Identidade musical

“Esses artistas tinham uma identidade musical. Você ouvia o trecho de uma música e já dizia: ‘Isso daí é Barão’ ou ‘Isso é Legião’. É muito diferente do que temos hoje. A impressão que me dá é que está todo mundo tão desesperado para conseguir fazer as coisas acontecerem que o resultado final da música é uma mistureba que você não sabe muito bem o que é”, comenta.

Para ele, “as pessoas pegam elementos de um estilo, misturam com outro, fazem um feat com artistas de um outro estilo completamente diferente… Aí fica uma vitamina com salsicha, chantilly e uva passa”.

Frateschi, contudo, não generaliza. Para ele, há uma enormidade de artistas fazendo música de qualidade e com identidade própria. A diferença, no entanto, é que eles estão divididos em nichos e não têm a carreira impulsionada pela indústria musical.

O que de fato incomoda o roqueiro é a forte associação de amantes do gênero – e até músicos do Brock – ao reacionarismo, o que destoa completamente da essência do rock.

“Não sei explicar esse comportamento”, afirma. “Tem coisas que a gente realmente acha muito engraçado, como pessoas indo ao show do Roger Waters e achando ruim as mensagens que as músicas dele passam. São pessoas que não entenderam nada, nunca estiveram ligadas ao que estava acontecendo. Ou então deixaram a tristeza se abater sobre elas”, diz.

“Porque o reacionarismo é uma coisa muito triste, né? É um medo da mudança. E, com esse medo da mudança, as pessoas vão se apegando a coisas que não deram certo. Mas eu acho que a gente tem que procurar mudança mesmo. Tem que procurar enterrar preconceitos e as desigualdades”, afirma. 

Como enterrar o preconceito e as desigualdades? Para Frateschi, a receita continua valendo: “só o rock salva”.


Aproximação com Minas

Em janeiro deste ano, André Frateschi desembarcou em Belo Horizonte para se apresentar com a Solar Big Band, projeto do ex-Skank Henrique Portugal. Desse primeiro contato entre os dois vem nascendo uma relação que pode render parcerias musicais, de acordo com o paulistano. 

“Henrique Portugal é um cara que também é uma grande referência para mim. A gente vem começando a trocar impressões, letras de músicas, essas coisas. E isso é uma das grandes conquistas para mim. Poder dividir o palco e a vida com essas pessoas que eu admiro e que me inspiraram é muito bom.” 


SHOW DE ANDRÉ FRATESCHI

Neste sábado (24/2), a partir das 21h, no Jack Rock Bar (Av. do Contorno, 5.623, Funcionários). Ingressos esgotados. Informações sobre possibilidade de abertura de novo lote pelo Instagram (@jackrockbar)