Cillian Murphy, que faz o papel-título no longa de Christopher Nolan, disputa melhor ator -  (crédito: Warner Pictures/Divulgação)

Cillian Murphy, que faz o papel-título no longa de Christopher Nolan, disputa melhor ator

crédito: Warner Pictures/Divulgação

Depois de se tornar a cinebiografia mais assistida na história e a terceira maior bilheteria de 2023, “Oppenheimer”, desde ontem (23/1), figura no seleto grupo de longas que receberam 13 indicações ao Oscar, em 96 anos de premiação.

É o 11º. título da lista iniciada com “...E o vento levou” (1939) e concluída, até então, com “A forma da água” (2017). Acima deles estão apenas “A malvada” (1950), “Titanic” (1997) e “La la land” (2016), todos indicados em 14 categorias.

Não foi surpresa alguma que a produção escrita e dirigida por Christopher Nolan (que anda reclamando por aí da “terrível tragédia” que é ser reconhecido nas ruas graças ao sucesso do filme) saísse na frente em número de indicações. Desde o Globo de Ouro, passando pelo Critics Choice, prêmios já realizados, e a recente nomeação do Bafta, deu “Oppenheimer” na cabeça.

Esses prêmios, seguidos de vários outros ao longo da temporada que vai culminar em 10 de março, com a cerimônia do Oscar, apenas indicam o caminho, não confirmam os vencedores. No entanto, se seguirmos esta linha, vemos que os outros títulos mais indicados – “Pobres criaturas” (11), “Assassinos da Lua das Flores” (10) e “Barbie” (8) – confirmam esta tendência.


ESNOBADOS

Uma das coisas que mais se falou desde o anúncio do Oscar foi na esnobada que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood deu em “Barbie”. Maior bilheteria de 2023 (US$ 1,4 milhão), uma divertida fantasia feminista que provocou discussões mundo afora, não conseguiu duas indicações dadas como certas: direção para Greta Gerwig, uma das cineastas-chave da Hollywood pós #MeToo, e atriz para Margot Robbie, a Barbie.

Vale lembrar que no Globo de Ouro e no Critics o filme só havia ganhado em categorias consideradas menores e que Emma Stone, de “Pobres criaturas”, havia vencido Margot Robbie nas duas premiações. Também uma fantasia feminista, só que com um olhar muito mais agudo, o longa de Yorgos Lanthimos viu seu prestígio crescer nas últimas semanas. Só chega ao Brasil em 1º de fevereiro, vale dizer.

Com o crescimento de “Pobres criaturas”, ele suplantou o grande representante da Hollywood da velha guarda. “Assassinos da Lua das Flores”, a colossal experiência cinematográfica proposta por Martin Scorsese, atingiu 10 indicações. Tem muitas chances na categoria de melhor atriz. A merecida indicação de Lily Gladstone foi muito celebrada entre seus pares quando do anúncio dos nomeados. Ela se tornou a primeira indígena norte-americana a ser indicada na categoria.

“Maestro”, escrito, dirigido e protagonizado por Bradley Cooper, figura em sete indicações ao prêmio. Mas ele não deve ter ficado feliz, já que o filme, inspirado na vida do regente e compositor Leonard Bernstein, é mais uma tentativa de Cooper se firmar na direção. E em tal categoria, ele não figura.

Não tem tantas chances de levar como melhor ator, diante de Cillian Murphy, o grande favorito como Robert Oppenheimer. Mas a prótese no nariz usada por Cooper, que lhe valeu até uma acusação de antissemitismo, pode ganhar pontos para a categoria de cabelo e maquiagem.

Quatro dos 10 filmes indicados na principal categoria do Oscar estão nomeados em cinco categorias. O mais representativo no ano em que a Academia bate seu recorde com votantes de 93 países (o que espelha a diversidade que Hollywood vem buscando nos últimos anos), é a produção francesa “Anatomia de uma queda”.

Com estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta (25/1), o drama dirigido por Justine Triet (indicada na categoria de direção), pode se tornar o “Nada de novo no front” deste ano. Melhor explicando: a narrativa alemã ambientada na Segunda Guerra Mundial teve nove indicações no Oscar passado e levou quatro troféus.

“Anatomia de uma queda”, celebrado desde sua estreia, em maio de 2023 no Festival de Cannes (de onde saiu com a Palma de Ouro), concorre a melhor filme, direção, atriz (a alemã Sandra Hüller), roteiro e montagem, todas categorias importantes do Oscar. Drama intimista que coloca em xeque uma escritora diante da morte suspeita do próprio marido, traz talvez um dos melhores (e mais cortantes) diálogos entre um casal do cinema contemporâneo.

Sandra Hüller, vale dizer, também protagoniza outro longa que disputa a lista dos 10 filmes do Oscar. Com estreia em 15 de fevereiro no Brasil, e também com cinco indicações, “Zona de interesse”, do cineasta britânico Jonathan Glazer, é uma produção EUA/Reino Unido/Polônia falada em alemão, polonês e iídiche que aborda a vida em família de Rudolf Höss (não confundir com o líder nazista Rudolf Hess), comandante do campo de concentração de Auschwitz.

Pela primeira vez, três títulos dirigidos por mulheres disputam o principal prêmio da noite. Além do longa de Triet, foram indicados "Barbie", de Gerwig, e "Vidas Passadas", de Celine Song. A cerimônia de entrega das estatuetas será em 10 de março.