André mehmari, antonio meneses e fábio mechetti em ensaio de

André mehmari, antonio meneses e fábio mechetti em ensaio de "concerto para violoncelo e orquestra", ontem, na Sala Minas Gerais

crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press

O encontro que se dará a partir desta noite na Sala Minas Gerais entre a Orquestra Filarmônica, o violoncelista Antonio Meneses e o compositor André Mehmari é a evolução de uma relação que teve início oito anos atrás, também em Belo Horizonte. Em dezembro de 2015, Mehmari acompanhou a estreia de “Divertimento para orquestra”, primeira obra que fez sob encomenda para a formação mineira.

Meneses foi o solista convidado das duas noites: executou, sob a regência de Fabio Mechetti, o “Concerto para violoncelo nº 1”, de Shostakovich. No jantar que se seguiu à estreia, o maestro comentou que os dois tinham as mesmas iniciais, A e M.

Meneses e Mehmari, que se conheceram naquela ocasião, trabalharam algumas vezes juntos desde então. O primeiro fruto foi o álbum “AM 60 AM 40”, de violoncelo e piano, lançado em 2017 (ano em que o pernambucano atingiu os 60 anos e o fluminense, 40) pelo Selo Sesc.

Fizeram vários recitais juntos. Posteriormente, Meneses fez ele mesmo uma encomenda a Mehmari – uma peça para violoncelo e violão, no caso, de oito cordas. Nasceu a “Suíte lírica”, que executou ao lado do violonista escocês Paul Galbraith em diversas ocasiões.


HOMENAGEM

Novamente juntos e mais uma vez com a Filarmônica, participam do encerramento da temporada de 2023. As apresentações, nesta quinta (14/12) e sexta (15/12), na Sala Minas Gerais, terão a estreia do “Concerto para violoncelo e orquestra”, composto sob encomenda por Mehmari para a Filarmônica. Nas duas noites, também finalizando as homenagens pelos 150 anos de nascimento de Rachmaninov, será executada a “Sinfonia nº 2 em mi menor, op. 27”.

Quando Mechetti fez a encomenda a Mehmari, já se sabia que a estreia seria com Meneses como solista. “Concertos modernos para violoncelo e orquestra não são comuns. Acho que na literatura brasileira são pouquíssimos. Então realmente foi um desafio. Mas saber para quem eu estava escrevendo foi um grande estímulo, pois eu tinha uma situação ideal em mãos. Uma grande orquestra e um solista internacional que, além de tudo, é um grande amigo”, diz Mehmari. Ele entregou as partituras em novembro – desde agosto, veio se dedicando à obra de 30 minutos de duração.

No Brasil somente para os concertos com a Filarmônica, Meneses (que vive em Basel, na Suíça) acompanhou, remotamente, o processo. “Desde o início dei opinião: ‘soaria melhor desse jeito, tirando essa nota fica melhor ainda’. Agora, por mais que se estude a partitura, e a parte do solo é bem complicada, não se tem ideia como vai soar. Inclusive é uma partitura bastante pesada, tem muitos instrumentos, o que foi pedido pela orquestra. Ele utiliza o corne inglês (instrumento de sopro da família do oboé), a celesta (pequeno instrumento de teclado, de timbre delicado, cujas teclas acionam lâminas de metal), a harpa, uma batalhada de instrumentos de percussão.”

Mechetti acredita que a música vá agradar ao público. “Há momentos de grande riqueza, do ponto de vista melódico e de ritmo. Mehmari é eclético, e introduz muitos elementos na obra.” De acordo com o maestro, embora o Brasil tenha produzido muitos violoncelistas (e Meneses seja o maior deles em atividade), “não há tantos concertos para o instrumento como poderia haver.”

Desde a sua criação, em 2008, a Filarmônica se propôs a fomentar, de forma continuada, a composição de música brasileira. Em uma conta por alto, Mechetti acredita que, em seus 15 anos, a orquestra tenha feito em torno de 40 encomendas – somadas as de compositores estabelecidos e as dos participantes do festival anual Tinta Fresca, dedicado a jovens autores.

“Abrimos 2023 com uma peça encomenda ao Leonardo Martinelli e estamos fechando a temporada com a do Mehmari. Além disso, depois de tocarmos todas as sinfonias e concertos para piano de Rachmaninov, vamos apresentar a ‘Segunda sinfonia”, que talvez seja a mais conhecida. É muito boa para terminar uma temporada, pois apresenta a orquestra em sua plenitude. Isto empolga os músicos e o público, então vamos terminar o ano, como se diz, em modo maior”, afirma Mechetti.

APRESENTAÇÃO EM MARIANA

Neste sábado (16/12), às 20h, a Filarmônica fará um concerto na Igreja de São Francisco de Assis, em Mariana. Fechada por 14 anos, ela foi reaberta em setembro, após reforma. Sob a regência do maestro associado José Soares, a orquestra vai apresentar um repertório natalino, iniciado pela cantata “Jesus alegria dos homens”, de Bach. A flautista Renata Xavier será a solista da apresentação. Entrada franca (os ingressos serão distribuídos uma hora antes do concerto, que será transmitido por telões na área externa da edificação).

ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Concertos nesta quinta (14/12) e sexta (15/12), às 20h30, na Sala Minas Gerais, Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto, (31) 3219-9000. Ingressos: R$ 50 a R$ 175 (valores referentes à inteira). À venda na bilheteria e no site filarmonica.art.br