Paul McCartney brincou com o público, falou

Paul McCartney brincou com o público, falou "trem bom" e empolgou 40 mil pessoas na Arena MRV

crédito: Fotos: Marcos Hermes/Divulgação

Havia quem desacreditasse. Não, não vai encher. Afinal, ainda havia ingressos disponíveis até a hora do show. É Paul McCartney, minha gente. E, sim, ele fez de novo. Em sua última noite em Belo Horizonte, levou nova multidão nesta segunda-feira (4/12) à Arena MRV.

Foi novamente uma noite quente, a despeito da chuva durante a tarde. E, também mais uma vez, ele subiu ao palco com atraso, 50 minutos.

“Oi, BH. Boa noite, véi. Estou aqui, uai”. E muita gente também, Paul.

Se na primeira noite, esgotada, foram 42 mil pessoas, na segunda a plateia somou 40 mil. A circulação continuou complicada, principalmente na pista premium, que ocupou metade do gramado, assim como no acesso ao estádio.

O repertório foi muito semelhante ao de domingo (3/12), com três exceções. Paul abriu a noite com “A hard day’s night” (contra “Can’t buy me love” da estreia).

“New”, lançada 10 anos atrás, deu lugar a “Queenie eye”, da mesma época. E, finalmente, “I saw her standing there”, já no bis, substituiu “Birthday”.

Além disso, o setlist foi um pouco menor do que o do primeiro show: saíram duas canções, “Fuh you” e “She came in through the bathroom window”. Foram duas horas e meia de show.

 

Milton Nascimento, Charles Gavin e Lô Borges na Arena MRV

Milton Nascimento, com a camisa oficial da turnê de Paul, com Charles Gavin e Lô Borges na Arena MRV

Marcos Hermes/divulgação

 

Um “cadim” de carisma

Se havia cansaço em relação à noite anterior, em cena foi como noite de estreia. A voz pode não ter o mesmo brilho de outrora, mas o carisma, a presença de cena, as gracinhas de sempre – “trem bom”, “cadim” –, a capacidade de reger a multidão com um simples “Ob-la-di Ob-la-da”, tudo perfeitamente executado.

Não dá para não cantar o “na na na na” de “Hey Jude” com os milhares de vozes, mesmo que isso aconteça toda e qualquer vez que Paul sobe num palco. Em BH, vale dizer, a noite desta segunda-feira foi a quarta desde a estreia, em maio de 2013 no Mineirão.

“É hora de ir embora”. Em uma década, foi a quarta despedida de Paul a Belo Horizonte. A emoção de ouvi-lo ao piano com “Golden slumbers” e logo na sequência com “Carry that way”/“The end” é sempre a mesma, não importa quantas vezes ele já fez isso – e quantas vezes o acompanhamos.

Paul continua a temporada de “Got back” nesta quinta-feira (7/12), em São Paulo. Depois, até 16 deste mês, quando se despede do Brasil no Maracanã, 33 anos depois de ter estreado no estádio para um público recorde em sua carreira (184 mil pagantes), o ex-Beatle ainda faz cinco shows, os últimos de 2023. Toca em São Paulo (em 7, 9 e 10/12) e Curitiba (13/12), além do Rio de Janeiro. Todas as datas estão esgotadas.

Na segunda noite em BH, havia quase “engarrafamento” de bandas. Parte dos Titãs, que fazem nesta terça (5/12) o show “Encontro”, no Arena Hall, estava no estádio. Paulo Miklos e Charles Gavin, como também músicos daqui, como Fernanda Takai e Jota Quest. 

Milton e Lô no gargarejo

Mas o grande convidado da temporada mineira de Paul foi Milton Nascimento. Depois de ter encontro com o ex-Beatle antes do primeiro show, Milton levou, na segunda noite, Lô Borges – coautor, com o irmão Márcio, da música de “Para Lennon e McCartney”, cuja letra não poderia ser de outro que não Fernando Brant.

Cinquenta e três anos atrás, o álbum “Milton” foi aberto com a canção que trazia os ídolos – e grande influência do Clube da Esquina – no título. “Eu sou da América do Sul/ eu sei, vocês não vão saber”, diz o eu lírico de Brant. Cinco décadas depois, Paul, que assim como Milton atingiu os 81, agora sabe.