Todos os eventos da mostra de narração artística serão traduzidos em Libras -  (crédito: Igor Cerqueira/divulgação)

Todos os eventos da mostra de narração artística serão traduzidos em Libras

crédito: Igor Cerqueira/divulgação

“Minha vida é esta: descer Bahia e subir Floresta”. O verso do compositor Rômulo Paes (1918-1982) descreve bem a importância cultural da rua que corta o Centro de Belo Horizonte, abrigando incontáveis conversas, discussões e bate-papos em bares, cafés, livrarias, sebos e hotéis desde a fundação da cidade, em 1897.

 

A sexta edição da “Candeia: Mostra internacional de narração artística” ocupará espaços deste “corredor cultural” de hoje (22/11) a domingo (26/11), oferecendo contação de histórias, oficinas, rodas de conversa e lançamento de livros. A abertura ocorrerá às 19h desta quarta-feira, no Centro Cultural Unimed-BH Minas. O Instituto AbraPalavras, idealizador do evento, receberá artistas de diversas partes do Brasil e taqmbém da América do Sul.

 

“É característica do mineiro ser contador de histórias. A Rua da Bahia é um espaço que conta muito sobre Belo Horizonte. A partir do momento em que resolvemos ocupar este local, achamos que faria sentido iniciar com vozes de mulheres”, explica Aline Cântia, fundadora do instituto e curadora da mostra.

 

“Queríamos trazer histórias ancestrais e também contemporâneas. Dar espaço à voz que não é escutada, vozes mais antigas, de mulheres idosas da periferia. Elas contam muitas coisas sobre a cidade, que muitas vezes não percebemos andando pelas ruas”, afirma. O belo-horizontino Vizinhas das Cantigas, grupo do Aglomerado da Serra, será uma das atrações.

 

“Tem o Cristino Wapichana, que conta histórias indígenas; o Javier Ceballos, que conta histórias do Equador; e a Cia. Conta Contos, que conta a lenda da Maria Papuda, antiga moradora do local onde se construiu o Palácio da Liberdade”, afirma Aline.

 

 

 

A mostra também vai receber a mineira Gislayne Matos, o fluminense André Curvelo, a paulista Emilie Andrade e a peruana Rosanna Reátegui.

 

Português e espanhol

 

Aline garante: a diferença de idiomas não impede a diversão. “Narração de história é muito imagem, como se fosse um cinema particular. O espanhol é próximo do português, então creio que se ultrapassa a barreira linguística, porque conseguimos entender e imaginar o que está sendo contado”, afirma.

 

Entre os destaques estão a roda de conversa “As histórias das histórias”, na sexta-feira (24/11), às 17h, na Academia Mineira de Letras, e a “Mostra Candeinha”, narração artística para infâncias, no sábado (25/11), às 15h30, na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. Toda a programação contará com acessibilidade e intérpretes de Libras.

 

Contadora de histórias Gislayne Matos

Gislayne Matos será homenageada na mostra "Candeia"

Facebook/reprodução

 

Contação de histórias não é atividade limitada às crianças. O resgate da tradição oral e o fortalecimento da narração urbana ganham destaque na “Candeia”.

 

A narradora Gislayne Matos, com 30 anos de experiência, foi pioneira no setor. “Na França, em 1989, fui a uma apresentação e fiquei encantada, porque não sabia que se fazia no teatro o que meu avô fazia na beira do fogão”, revela.

 

De volta a Minas, Gislayne batalhou para que a narração passasse a fazer parte da agenda cultural da capital. Organizou grupos de estudos sobre o tema no Palácio das Artes e viajou o país como professora de contação de histórias.

 

Gislayne Matos vai ser homenageada neste domingo (26/11), às 19h30, na Biblioteca Pública. “Ela trouxe para BH a ideia de que contador de histórias ocupa outros espaços além da cozinha e das varandas. Ou seja, espaços culturais. Com 30 anos de trabalho, completa 70 anos de vida em 2023”, afirma Aline Cântia.

 

Também ganhará homenagem o escritor Olavo Romano, mestre dos causos mineiros, que morreu na semana passada.

 

“CANDEIA”


Mostra Internacional de Narração Artística. Abertura nesta quarta (22/11), às 19h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Amanhã, às 17h, no Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1.201, Centro). Sexta (24/11), às 17h, na Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1.466, Lourdes). Sábado, às 15h30, e domingo (26/11), às 19h30, no Teatro da Biblioteca Pública Estadual de MG (Praça da Liberdade, 21, Funcionários). Entrada franca. Programação completa no Instagram (@mostracandeia).

 

* Estagiária sob supervisão da editora-adjunta Ângela Faria