Fãs de Taylor Swift se refrescam na espera por show de sábado, que acabou sendo cancelado -  (crédito: Tercio TEIXEIRA / AFP)

Fãs de Taylor Swift se refrescam na espera por show de sábado, que acabou sendo cancelado

crédito: Tercio TEIXEIRA / AFP

Diante da notícia de que a Secretaria do Consumidor do Ministério da Justiça determinou, no último (18/11), a liberação da entrada em espetáculos, festivais e eventos de grande porte de garrafas de água de uso pessoal, desde que em recipientes apropriados, produtores locais se manifestaram favoráveis à medida, que também prevê que empresas responsáveis por eventos com alta exposição ao calor deverão disponibilizar água potável gratuitamente em “ilhas de hidratação”, de fácil acesso.

A decisão foi tomada após a trágica morte de Ana Clara Benevides Machado, uma fã de Taylor Swift, que foi de Mato Grosso ao Rio de Janeiro para assistir ao show da cantora na sexta-feira (17/11). Ana Clara, de 23 anos, estudante de psicologia e residente em Rondonópolis, morreu após passar mal, ainda na segunda música do show, no estádio Nilton Santos, o Engenhão, na capital fluminense, e sofrer duas paradas cardiorrespiratórias, uma delas já a caminho do hospital.

Havia calor extremo e falta de água no local. Em razão desse cenário, aproximadamente mil pessoas presentes no show sofreram desmaios. Na manhã de sábado (18/11), fãs de Taylor Swift lançaram um abaixo-assinado para forçar a criação de uma lei que obrigue produtoras a disponibilizar água gratuitamente em shows de grandes artistas.

Lucas Costa, um dos produtores do Festival Caramelo, que estreou em setembro deste ano, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte, com uma programação de 12 horas de shows de expoentes do samba, diz que os responsáveis por grandes eventos não podem nunca deixar de pensar no lado humano. “Imagino que os produtores do show da Taylor Swift só pensaram em não perder venda”, comenta.

Ele considera que oferecer água gratuitamente está longe de ser um dificultador para a realização de festivais. “A pessoa consegue distribuir nos outros produtos a margem que ela teria na água, isso não é o problema, não vai ser isso que vai inviabilizar um evento grande. Existem muito mais coisas que oneram, que vão torná-lo viável ou não, do que o preço de uma garrafinha de água, que custa nem R$ 1”, diz.

Essa é uma situação que se vê não apenas em eventos culturais, mas também no futebol, conforme aponta. Ele se recorda que, no primeiro jogo entre Atlético e Cruzeiro na Arena MRV, a torcida visitante ficou sem água. “Tiraram os bebedouros e não tinha água para vender. Havia 3 mil torcedores do Cruzeiro, no final da partida, se espremendo, esperando o portão abrir, o que demorou mais de 1 hora. Alguém poderia ter morrido lá também”, critica.

PROVIDÊNCIAS NECESSÁRIAS

Um dos organizadores do Rap Game Festival, cuja primeira edição foi realizada em março deste ano, na Esplanada do Mineirão, com mais de 40 shows na programação, o DJ Zeu diz que, para a sequência do evento, no próximo ano, já estão sendo tomadas as providências necessárias para atender os pontos enumerados na portaria da Secretaria Nacional do Consumidor.

Ele destaca que algumas das recomendações da portaria já haviam sido rigorosamente aplicadas pelo Rap Game Festival. De acordo com o músico e produtor, grandes eventos têm, obrigatoriamente, que seguir uma série de protocolos, tanto de logística quanto de segurança, conforme as exigências do Corpo de Bombeiros.

“Atualmente, estamos em discussão com nossa logística, tanto para as edições de Salvador quanto para as de Goiânia e Belo Horizonte do Rap Game, sobre a questão das ‘ilhas de hidratação’, que incluem o fornecimento de água potável acessível a todos os presentes, bem como a instalação de pontos de distribuição gratuita de água em áreas estratégicas do evento. Expresso profundo pesar pela trágica e precoce partida de Ana Clara Benevides”, afirma.