A partir do projeto visual homônimo de Marcelo D2, a história foi desenvolvida em conjunto entre o rapper e as roteiristas Camila Agustini e Antonia Pellegrino  -  (crédito: RACHEL TANUGI/DIVULGAÇÃO)

Favela da Maré, onde a série foi rodada, também é personagem de "Amar é para os fortes"

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Kevin (João Tibúrcio) é um garoto de 11 anos que vive com a mãe, Rita (Tatiana Tibúrcio), e o irmão mais velho, Sinistro (Breno Ferreira), na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro. Não tem como não gostar dele. É doce, inteligente e companheiro. Uma bala coloca fim na vida deste menino. Quando foi morto, Kevin segurava um girassol que havia comprado para presentear Rita naquele domingo, Dia das Mães.

 

“Amar é para os fortes”, série nacional que estreia nesta sexta (17/11), no Prime Video, conta uma história que se repete diariamente no Brasil. “Todo dia morre gente em favela. Muito da nossa intenção foi sensibilizar a audiência, já que não podemos aceitar como normal a morte de um menino por dia nas comunidades”, afirma a roteirista Camila Agustini, criadora da série ao lado de Antonia Pellegrino e Marcelo D2.

 

 

Os fãs de D2 vão logo identificar a obra. “Amar é para os fortes” é o título do álbum que o rapper carioca lançou em 2018. Além do disco propriamente dito, D2 também lançou na época um álbum visual, com dramaturgia, e um clipe. Pois vem desde aquele período a intenção de transformá-lo em uma série.

 

“É um projeto pouco ortodoxo, pois geralmente as séries chegam (para as plataformas) com personagens, história. Neste caso, havia um álbum visual. Partimos do zero. A sacada foi falar da guerra às drogas, segurança pública, temas que estão na música do D2, mas a partir do ponto de vista das mães”, continua Camila.

 

No caso da série, a história vai girar em torno não só de Rita, mas de Edna (Mariana Nunes). Ela é mãe de Digão (Maicon Rodrigues), um policial em início de carreira. É ele quem mata, por engano, Kevin. As duas, mulheres negras e pobres, irão enfrentar a corrupção judicial e a morosidade do sistema judiciário. A trama tem um segundo núcleo, um grupo de artistas e ativistas da Maré, do qual Sinistro faz parte.

 

Cenas vêm da Maré e de celulares

 

A série foi toda rodada na Maré. “Era muito importante essa relação com o próprio território. Em estúdio, por melhor que fosse, seria artificial. Queríamos que todos sentissem na pele a história”, diz Camila.

 

O ritmo é intenso. A narrativa é fragmentada, com edição rápida, divisões de tela e ainda parte das imagens vindas das telas de celular, já que o grupo de jovens se dedica ao ativismo digital.

 

“Muito disso vem da figura do D2. Ele tinha uma ideia clara do que queria, como a história deveria ser contava e filmada, com intertextualidade e outras linguagens. E a música é parte da narrativa, não atua só como trilha sonora. Ele nos deu um monte de referências para que, mesmo contando uma história pesada e violenta, ela trouxesse um viés de esperança e da ideia de coletivo”, diz Camila.

 

João Tibúrcio, o garoto Kevin, é realmente filho de Tatiana, que faz sua mãe. “Com isto, conseguimos outro nível de interação entre os dois atores”, diz Camila. “Amar é para os fortes” traz, entre as diretoras, Kátia Lund, que codirigiu com Fernando Meirelles “Cidade de Deus” (2002).


“AMAR É PARA OS FORTES”
A série, com sete episódios, estreia nesta sexta (17/11), no Prime Video