Três casais discutem seus problemas entre si na peça, adaptação de um texto argentino que Antonio Fagundes decidiu montar no Brasil -  (crédito: caio gallucci/divulgação)

Três casais discutem seus problemas entre si na peça, adaptação de um texto argentino que Antonio Fagundes decidiu montar no Brasil

crédito: caio gallucci/divulgação

Em “Baixa terapia”, três casais se encontram, por acaso, no consultório de uma psicóloga e logo descobrem que a terapeuta que eles aguardam não chegará. Na sala, sobre a mesa, há envelopes com instruções de como devem conduzir a consulta (para que resolvam os problemas entre si), além de café, água e muito uísque.

A comédia estreou em 2017, após uma viagem de Antonio Fagundes para a Argentina, onde o ator conheceu o texto original de Matias Del Federico e resolveu trazê-lo ao Brasil. Com adaptação de Daniel Veronese, tradução de Clarisse Abujamra e direção de Marco Antônio Pâmio, a versão brasileira já foi vista por mais de 400 mil pessoas no Brasil, Estados Unidos e Portugal.

A peça estreou em BH em 2018. A montagem retorna à cidade com sessões desta sexta (10/11) até domingo (12/11), no Grande Teatro Sesc Palladium.

“É um fenômeno. Toda vez que a gente acredita que vai ser a última temporada, a última fase da peça, vem uma nova etapa negando tudo isso e provando que ‘Baixa terapia’ tem uma vitalidade e uma perspectiva de vida longa”, afirma Pâmio.

Em cena, as duplas são formadas pelos casais maduros Ariel (Antonio Fagundes) e Paula (Mara Carvalho); Roberto (Fábio Espósito) e Andrea (Ilana Kaplan) e pelos jovens Estevão (Guilherme Magon, que substitui Bruno Fagundes) e Tamara (Alexandra Martins).

IDENTIFICAÇÃO

No desenrolar da história, vão se revelando conflitos pessoais em relação aos filhos, à carreira, à casa e às relações familiares de cada um. A partir daí, um vai se entrometendo no assunto do outro e começam as confusões e as risadas.

Segundo a atriz Ilana Kaplan, a variedade dos temas tratados aproxima a plateia do espetáculo. “A peça é realmente muito interessante. Você certamente vai se identificar com algum tema no meio do caminho. É um texto muito divertido, acho que o público daí vai gostar bastante”, observa Ilana, que já ganhou o prêmio Shell por sua atuação no espetáculo.

“Foi uma coisa linda, porque é muito raro premiarem comediantes. Isso não é uma questão só brasileira, se a gente for olhar, por exemplo, para o Oscar, são raros os ganhadores”, pontua. “A comédia é considerada o gênero mais difícil de se fazer, mas, na hora do reconhecimento, quase nunca são premiados.”

Andrea, a personagem de Ilana, se embebeda progressivamente no decorrer da ‘baixa terapia’, e a atriz exibe um conjunto de recursos dramáticos de impressionar o espectador. Como já se observou, até mesmo os cabelos de Ilana “atuam” nessa peça.

Após dois anos em pausa, a peça voltou ao cartaz com temporadas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Depois de BH, o elenco segue para apresentações em Curitiba e Vitória, onde encerra o ano. O diretor afirma que a retomada se deu com o mesmo fôlego e energia do início das apresentações. “Mais importante ainda é que ela volta com a mesma capacidade de se comunicar com o público”, diz.

Somando mais de 500 apresentações à frente da direção, Pâmio define o espetáculo como uma comédia provocadora, inteligente e potente. “A primeira instância pode soar como uma comédia de casal sobre relações conjugais, mas ela vai tão além, transcende tanto essa primeira camada”, comenta, destacando a virada de roteiro que ocorre nos 20 minutos finais. “É nessa hora que a peça diz a que veio. Ela justifica, inclusive, tanta gargalhada que ela provoca para depois virar o jogo e dizer: ‘Reveja cada gargalhada que você deu, pense a respeito’”.

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes

“BAIXA TERAPIA”
• De Matias Del Federico. Adaptação: Daniel Veronese. Direção: Marco Antônio Pâmio. Com Antonio Fagundes, Mara Carvalho, Alexandra Martins, Ilana Kaplan, Fábio Espósito e Guilherme Magon.

•Nesta sexta (10/11), às 21h; sábado, às 18h, e domingo às 17h, no Grande Teatro Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046 - Centro).

•Não será permitida a entrada do público após o início do espetáculo.

•Ingressos para a Plateia 1 a R$ 160; Plateia 2 a R$ 140; Plateia 3 a R$ 120 e Plateia 4 a R$ 100, à venda no Sympla e na bilheteria do teatro.

OUTRAS PEÇAS

>>> “RINOCERONTE”
A Agrupação Teatral Amacaca apresenta o espetáculo “Rinoceronte”, de Eugène Ionesco, com direção e encenação de Hugo Rodas, neste sábado (11/11) e domingo, Galpão Cine Horto (R. Pitangui, 3613 - Horto), às 20 . Escrito em 1956, o texto é uma reflexão sobre como os ideais fascistas adoecem um povo e o cegam, permanecendo aberto para novas e surpreendentes interpretações. Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda pelo Sympla.


>>> "PROIBIDO PARA MAIORES"
A comédia "Proibido para maiores" faz sessão única em Belo Horizonte no domingo (12/11), às 19h, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium (R. Rio de Janeiro, 1.046 - Centro). A peça mostra a vida de um casal que passa a noite de sexta-feira trancado no banheiro do próprio apartamento. Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda pelo Sympla.


>>> “PORMENOR DE AUSÊNCIA”
O espetáculo “Pormenor de ausência”, com Giuseppe Oristânio, está de volta a BH. Com texto de Livia Baião, o monólogo mostra o escritor João Guimarães Rosa numa busca quase obsessiva para ingressar na Academia Brasileira de Letras. As apresentações ocorrem no Teatro Feluma (Alameda Ezequiel Dias, 275 - 7º Andar - Centro), neste sábado (11/11), às 20h, e no domingo, às 18h. Ingressos a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), à venda pelo Sympla.